Ricardo Araújo Pereira sobre Domingos Névoa: “Quem tenta subornar a pessoa errada não é corrupto, é palerma”

Humorista recordou caso do empresário bracarense em palestra sobre corrupção na PJ

Ricardo Araújo Pereira foi convidado a participar numa conferência, na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, com o tema “A contratação pública e os riscos de corrupção”. Um dos casos abordados pelo humorista – e que mais risos arrancou da plateia – foi o do empresário bracarense Domingos Névoa, absolvido, em 2010, de ter oferecido 200 mil euros a Ricardo Sá Fernandes, então vereador da Câmara de Lisboa, para favorecer a BragaParques.

O cofundador dos Gato Fedorento começou por considerar que, em Portugal, “quando se fala no combate à corrupção parece que estamos a falar de um combate como o wrestling. É um combate, mas no fim ninguém de aleija”.

E, feita a introdução, o apresentador de Isto é Gozar Com Quem Trabalha, da SIC, avançou para “um dos casos mais interessantes” e que “demonstra, claramente, que Portugal é um país livre de corrupção”.

“É o caso de um senhor chamado Domingos Névoa que foi absolvido no Supremo Tribunal de Justiça. O tribunal deu como provado que Domingos Névoa tinha oferecido 200 mil euros para que um titular de cargo político, vereador, lhe fizesse um favor. Então porque foi absolvido? Porque o tribunal considerou que o político não tinha os poderes necessários para satisfazer o pedido dele”, afirmou.

E prossegue que “isto significa que em Portugal os corruptos têm de se esforçar muito para serem corruptos. Ter a intenção de corromper, oferecendo 200 mil euros em troco de um favor, não é suficiente para alguém ser condenado por corrupção”.

“Ofereceu o suborno ao destinatário errado. Não preencheu a papelada certa. Para o tribunal, quem tenta subornar a pessoa errada não é um corrupto, é um palerma”, conclui Ricardo Araújo Pereira, arrancando muitas gargalhadas da plateia.

O humorista questiona também se tal lógica não se aplicaria também a um homicida que matou uma pessoa errada ou a um ladrão que assaltou um banco errado.

E, assim, conclui: “Em Portugal é preciso ser muito talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer, tem de se fazer as coisas bem feitas, seguir a tramitação adequada, e não fazer à balda porque senão o tribunal rejeita as pretensões do candidato e diz: ‘tenha paciência e tente outra vez, isto não é corrupção que se apresente. Vá para casa pensar e faça melhor do que isso'”.

 
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