Militares do Regimento de Cavalaria N º6 (RC6), de Braga, patrulham diariamente muitas manchas florestais da região, para evitar incêndios, através de patrulhamentos e vigilância preventiva, mas ainda na fase de rescaldo dos fogos, fazendo reconhecimento, para evitar eventuais reacendimentos, um trabalho que é imprescindível no âmbito da Proteção Civil.
Este grande empenhamento do RC6 insere-se no Plano de Apoio Militar de Emergência do Exército, determinado para 2018, não se circunscrevendo o seu trabalho só ao Minho e a Trás-os-Montes, porque ainda recentemente interveio por duas vezes em Monchique.
Conforme revelou a O MINHO o Tenente de Cavalaria Miguel Fonseca, Oficial Adjunto da Secção de Operações, Informações e Segurança (SOIS) do Regimento, a panóplia de apoios que os módulos de intervenção do Exército permitem, inclui a disponibilização de equipamentos de apoio logístico, a reabilitação de infraestruturas, bem como o transporte e evacuação terrestre de populações afetadas, entre outros bens de primeira necessidade, no caso, por exemplo, o fornecimento de água e de alimentação, com a instalação de tendas para fornecer alojamento temporário, devido não só aos incêndios florestais, como a todos os outros sinistros ou até a situações de catástrofe, correspondendo assim a uma das atribuições básicas das Forças Armadas, sempre prontas a atuar com outras entidades.
“O Exército tem outras missões como o transporte de populações e na área de engenharia, além do apoio logístico e no fornecimento de tendas”, destaca o Tenente Miguel Fonseca, evidenciado que “todo o nosso trabalho é realizado sempre em ligação permanente com a Autoridade Nacional de Proteção Civil, as Corporações de Bombeiros e as Autarquias”.
Combater também os incêndios
Um outro tipo de intervenção concreta dos militares do RC6 é o combate aos incêndios, para o que receberam formação específica e equipamentos de proteção individual em tudo idêntico ao dos bombeiros e outros agentes de proteção civil que apagam esses sinistros.
No distrito de Braga, toda a ação dos militares tem incidido mais nos concelhos de Braga, Amares e Terras de Bouro, enquanto no distrito de Viana do Castelo aqueles operacionais têm vindo a marcar presença mais nos concelhos de Paredes de Coura, Valença, Monção, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Viana do Castelo, mas também o distrito de Bragança, foi também patrulhado por militares do prestigiado Regimento de Cavalaria Nº 6, também conhecido por “Dragões de Entre Douro e Minho”, com uma especial atenção aos pontos mais críticos e sensíveis das áreas intervencionadas.
O Plano Faunos, resultante de um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta, tem como um dos objetivos dominantes a preservação do Parque Nacional de Peneda-Gerês, desde o Alto Minho até Montalegre, passando por Terras de Bouro, que tem entre si o “coração” do único parque nacional português, que há a preservar e manter.
Dissuadir possíveis incendiários
A 1º Sargento Maria Campino foi a responsável pela equipa de patrulhamento, constituída ainda por dois Soldados, António Dias e Pedro Antunes, conforme O MINHO constatou durante a noite em que aqueles militares se deslocaram a Terras de Bouro, não facilitando o mínimo, obviamente, acerca do trabalho de vigilância e de recolha de informação, mas também prestando aconselhamento e recomendações a quem então passeava pela floresta.
As zonas mais sensíveis do Parque Nacional da Peneda-Gerês também são visadas pelos militares do RC6, não sendo possível quantificar os incêndios que evitaram através desta sua presença proativa em locais onde menos se esperaria e nos estradões mais poeirentos.
“A vantagem da nossa presença é que ao patrulhar, dissuadirmos a tentativa de colocarem fogo nas nossas florestas”, referiu a 1º Sargento Maria Campino, dizendo que “as pessoas gostam de nos ver no terreno e saúdam-nos, mostrando assim apreço pelo nosso trabalho”.
Segundo a mesma graduada, “vamos falando com as pessoas para saber se têm visto algo de estranho junto das casas para a partir daí se necessário patrulharmos mais essas zonas”.
Militares impõem respeito
Um dos mais antigos protocolos do RC6 leva igualmente ao patrulhamento das freguesias de São Mamede de Este e São Pedro de Este, Sobreposta, Pedralva e Espinho, cujos bons resultados têm já conduzido às sucessivas ratificações com a Câmara Municipal de Braga, com elogios dos autarcas locais e camarários ao fator preventivo e dissuasor dos militares.
A mesma postura foi evidenciada pelo 1º Sargento Ricardo Peixoto e pelo 2º Cabo Filipe Lemos, estes a patrulharem a zona a este do concelho de Braga, como as “zonas sensíveis” de Sobreposta, Pedralva, Espinho, São Mamede de Este e São Pedro de Este, calcorreando os caminhos mais recônditos da área, num outro jipe, especialmente os percursos em terra, sendo em todos os casos saudados pelas populações, que encaram os militares com grande satisfação, sentindo-se assim muito mais seguras, como sucede quando ali passa a GNR.
Segundo o 1º Sargento Ricardo Peixoto, “a nossa presença a qualquer local ou momento, de dia ou de noite, é intimidatória pelo facto de haver militares no terreno impõe respeito, para quem tenha determinadas segundas intenções e que atentem contra a nossa floresta”.
O 2º Cabo Filipe Lemos destaca que “já sucedeu termos apanhado infratores em flagrante, reportando de imediato a situação à autoridade policial, no caso a GNR, que tomou conta do caso, prosseguindo nós o nosso trabalho e a GNR fazendo as diligências necessárias”.
Mais de 60 patrulhas diárias
Durante todos os dias do mês de agosto, o Exército tem empenhado mais de 60 patrulhas ao longo do Território Nacional e o RC6 chega a efetuar até oito patrulhamentos diários, nos distritos de Braga, de Viana do Castelo e do Porto, alcançando um total de 40.127 quilómetros, percorridos em todas estas ações referidas até ao passado dia 20 de agosto, sendo que só 8.888 desses mesmo quilómetros totais foi efetuado nas duas intervenções do Regimento em Monchique, nomeadamente em deslocamentos e vigilância, tal como patrulhamentos pós-incêndio, em lógica de complementaridade com as outras entidades.