No dia em que foi assinada a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) ao Grupo Martifer, em janeiro de 2014, José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, depositou uma coroa de flores na mesa da assinatura.
“Vim a um velório, ao velório da construção naval em Portugal”, declarou aos jornalistas.
Cinco anos mais tarde, o caricato momento tem sido recordado por várias pessoas, que, através das redes sociais, têm criticado o autarca.
José Pedro Aguiar Branco, que foi o ministro da Defesa responsável por aquela subconcessão, é uma das pessoas que mais se destaca nessas críticas.
“Momento zen do descaramento máximo (…): a declaração do presidente da câmara – mais um Costa (José Maria) – de que o ministro (o Aguiar – Branco) queria fechar os Estaleiros e só não conseguiu porque foi pressionado, supõe-se que por ele, que acha “a solução boa embora preferisse os estaleiros públicos”, escreveu o ex-governante, a 04 de abril, a propósito de uma reportagem transmitida na SIC.
Aguiar Branco voltou à carga no sábado, no dia em que Portugal esteve de olhos postos em Viana do Castelo, por altura da cerimónia de batismo do MS World Explorer, primeiro navio oceânico “integralmente concebido e fabricado” em Portugal.
No Facebook e no Twitter, as críticas continuaram nos dias seguintes. Nas caixas de comentários foram às centenas.
Esta quarta-feira, o autarca de Viana do Castelo voltou a ser referido numa publicação de um jovem da Póvoa de Varzim, que se tornou popular nas redes sociais pelos seus comentários políticos virais.
“(…) No passado dia António Costa afirmou que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo eram “uma referência da capacidade de renovação da indústria naval do país”, numa cerimónia de batismo do primeiro navio construído totalmente em Portugal. Lá para aplaudir estava também o socialista José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, que por várias vezes o acusou [NDR. a Passos Coelho] de “faltar à verdade” e de por isso, segundo as suas palavras, “não merecer usar a bandeira nacional na lapela”, refere Gaspar Macedo, numa carta aberta ao ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
“O mesmo presidente de câmara que tanto se opôs ao “crime” que era a privatização dos Estaleiros, decretando até a sua morte, foi o mesmo que no passado dia caminhou na passadeira vermelha para comemorar o sucesso da decisão do mesmo homem que acusou de não ser patriota”, é assinalado na publicação do jovem, militante do PSD, que, em pouco mais de 12 horas, contava com mais de 2 mil gostos, 650 comentários e cerca de 900 partilhas.
No sábado passado, o primeiro-ministro, António Costa, disse que os estaleiros da WestSea, em Viana do Castelo, são “uma referência da capacidade de renovação da indústria naval do país”, apontando como exemplo o primeiro navio oceânico “integralmente concebido e fabricado” em Portugal.
Costa diz que estaleiros da WestSea, em Viana, são “referência” da indústria naval
“Nunca tinha sido construído um paquete em Portugal”, afirmou António Costa durante a cerimónia de batismo do MS World Explorer, um investimento de 70 milhões de euros do grupo Mystic Invest, do empresário Mário Ferreira.
“O meu profundo agradecimento e reconhecimento pela excelência do trabalho que vem desenvolvendo em prol da economia nacional. Sem a WestSea isto não seria possível”, sublinhou, aplaudido pelas cerca de 400 pessoas presentes numa tenda gigante montada nos estaleiros e onde marcaram presença, entre outras personalidades, o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa.