“Quando percebi que estava morta, comecei a chorar de um lado para o outro e entrei em pânico”

Começou julgamento do casal acusado de matar mulher em Braga
“quando percebi que estava morta, comecei a chorar de um lado para o outro e entrei em pânico"

Júlio Pereira de Araújo, o homem acusado pelo Ministério Público de, em novembro de 2020, com a ajuda da companheira, Maria Helena Gomes, ter assassinado Maria da Graça Ferreira, de 69 anos, sua amante, num apartamento do bairro do Fujacal, em Braga, disse, na manhã desta quarta-feira, no início do julgamento no Tribunal local, que foi a companheira quem cometeu o crime.

Já a arguida não quis prestar declarações, o que pode ainda fazer durante o julgamento. A juíza-presidente do coletivo avisou-a de que, se não falar, será levado em conta o depoimento prestado durante o inquérito. Os dois estão a ser julgados por homicídio qualificado, profanação de cadáver e burla informática.

A acusação – recorde-se – diz que a vítima dormia num dos quartos do apartamento quando foi assassinada por asfixia com um pano com lixívia. O corpo foi levado, 24 horas depois, para um caminho rural em Montélios, onde foi encontrado por transeuntes.

O Ministério Público concluiu, com base no relatório da PJ/Braga, que foi Júlio quem a matou, para evitar que a vítima anulasse um testamento que havia feito a seu favor, e que o crime teve a conivência da companheira. Ele namorava com as duas, mas inicialmente tinha dito à malograda Maria da Graça que a Maria Helena era sua prima.

Agora, Júlio Pereira de Araújo – aparentemente sereno e com um discurso coerente, embora com algumas contradições – contou que, pelas cinco horas da madrugada, depois de ter regressado de uma ida ao multibanco onde levantou 220 euros, supostamente a pedido da vítima- encontrou a Maria Helena na cozinha da casa, “muito assustada e nervosa”, tendo-lhe ela dito que acontecera algo grave à vítima.

“Fui ao quarto e encontrei-a quase a cair da cama, com um braço pendurado, e sem reação. Pensei que tinha desmaiado”, disse, salientando que o quarto cheirava a lixívia e que só alguns minutos depois é que se apercebeu de que estava morta. “Comecei a chorar de um lado para o outro e entrei em pânico”, declarou.

Não chamou ambulância

Afirmou, ainda, que disse à Maria Helena – que se manteve calada embora abanando a cabeça em sinal de discordância – que era melhor chamar uma ambulância e ligar à PSP, mas não o fez porque ela o ameaçou de que o incriminaria e diria que ele a assassinou por causa de a vítima querer anular o testamento que fizera a favor do Júlio.

Questionado sobre o facto de não pedir auxílio pela presidente do Coletivo de Juízes, o arguido afirmou que o fez por medo de ser incriminado por ela, e que, por isso, decidiu que levariam o cadáver, na noite seguinte, e o abandonariam num caminho perto do apartamento onde a vítima vivia, em Montélios.

Ela diz que foi ele

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Apesar de se ter mantido em silêncio, em declarações à PJ, Maria Helena contou que foi ele que a assassinou, e fez a reconstituição do crime.

Disse que, pelas 05:30, ele pôs-se em cima da vítima, imobilizou-lhe os braços e asfixiou-a com uma toalha embebida em lixívia. Ela assistiu.

O cadáver ficou na cama, mas começou a exalar maus cheiros. Helena foi à garagem e trouxe dois sacos de plástico grandes. Embrulharam o corpo num lençol e fecharam os sacos. De madrugada, meteram-no carro, deixando-o no caminho.

Duas horas depois foi encontrado por transeuntes.

 
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