O PS travou hoje o requerimento do Bloco de Esquerda para que a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, seja ouvida em plenário da Assembleia da República, mas admitiu ponderar a sua presença em comissão.
Esta posição da bancada do PS foi transmitida pela porta-voz da conferência de lideres parlamentares, a deputada socialista Maria da Luz Rosinha, depois de ter sido questionada se houve consenso em torno do agendamento da proposta do Bloco de Esquerda no sentido de Christine Lagarde ser ouvida em plenário dentro em breve.
A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, condenou as posições defendidas por Christine Lagarde, na semana passada, durante um fórum dos bancos centrais, em Sintra, em que advogou a continuação da política do BCE de aumento das taxas de juro.
Mariana Mortágua considerou que essas posições da presidente do BCE “merecem o maior repúdio”, porque Lagarde “faltou ao respeito aos portugueses” e que deverá comparecer perante o parlamento.
No entanto, segundo a porta-voz da conferência de líderes, apesar de esse assunto ter sido abordado na reunião da conferência de líderes, “não ficou decidido”.
“Não foi votado. Por norma, não fazemos votações nas conferências de líderes. Procuramos analisar as questões e fazer consensos à volta delas. Nessa questão, uns mostraram-se favoráveis, mas outros não”, referiu, sem primeiro especificar quem se opôs ao requerimento do Bloco de Esquerda.
Maria da Luz Rosinha alegou então que, no âmbito das práticas da Assembleia da República, “há figuras que são chamadas a comissão e não a plenário”.
“Ficou fechado que [a presidente do BCE] não virá a plenário, mas nada ficou fechado em relação a uma vinda a comissão. A posição do PS é a de que não fazia sentido [Christine Lagarde] estar presente em plenário. O assunto não ficou encerrado e será abordado num próximo momento”, acrescentou.
Em relação a outros assuntos abordados na conferência de líderes de hoje, Maria da Luz Rosinha apontou que ficou agendado para o próximo dia 19 o debate conjunto de duas propostas do Governo sobre ordens profissionais.
“Teremos depois dois debates europeus e, em último lugar, antes das votações, subirá a plenário o relatório final da comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, com intervenções do presidente da comissão [Lacerda Sales, do PS] e da deputada relatora [Ana Paula Bernardo, do PS]”, disse.
Em relação às conclusões da comissão de inquérito sobre a TAP, os partidos podem apresentar até 10 de julho propostas de alteração à versão preliminar hoje apresentada pela deputada socialista Ana Paula Bernardo.
A discussão e votação do relatório em comissão parlamentar de inquérito está marcada para 13 de julho e a sua apreciação em plenário para 19 de julho.
Ainda segundo Maria da Luz Rosinha, na manhã do próximo dia 19, haverá nova reunião da conferência de líderes para “ultimar questões pós-férias” de verão.
“No dia 20, teremos então o debate sobre o estado da nação”, acrescentou.