O secretário-geral adjunto do PS salientou hoje que a democracia requer estabilidade e respeito pelos mandatos que o povo confere, num discurso em que manifestou preocupação com a “influência” que o populismo exerce na direita democrática.
Estas posições foram transmitidas por João Torres no discurso que proferiu na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na sua intervenção, o “número dois” da direção do PS não se referiu diretamente à ideia de o chefe de Estado usar o seu poder de dissolução do parlamento, mas deixou o recado de que “melhorar a democracia é respeitar a vontade popular, a estabilidade, os mandatos que o povo confere”.
“Melhorar a democracia é garantir que a democracia política e a democracia social caminham lado a lado, porque os populismos são fruto da exclusão. Melhorar a democracia é rejeitar a vida como um campo de minas, onde quem passar, passou, como nos sugerem e propõem as visões neo e ultraliberais da sociedade, ancoradas no individualismo e na negação da igualdade de oportunidades”, declarou.
Na perspetiva do secretário-geral adjunto do PS, “hoje, os ataques à democracia chegam, desde logo, através daqueles que se sentam à extrema-direita neste hemiciclo.”.
“São os que se servem das velhas fórmulas, como o populismo e a demagogia – aliados eternos da ignorância, da iliteracia política – para sabotar a crença na democracia, o respeito pelo pluralismo, o contrato entre representantes e representados. São os que tentam criar brechas na muralha do progresso com vista aos mais ignóbeis retrocessos, com políticas racistas, xenófobas, homofóbicas, misóginas, desumanas”, declarou numa alusão ao Chega.
Mas fez também advertências ao campo político da direita democrática.
“Como diz a sabedoria popular, tão ladrão é o que rouba como o que consente. E, por isso, cada vez mais nos deve preocupar a influência que o populismo exerce na direita democrática, uma direita que sempre respeitamos, mas para quem parece não haver limites nem tabus quando o que conta é a vã cobiça do poder pelo poder, custe o que custar”, assinalou.
No seu discurso, João Torres referiu-se à fundação do PS em 19 de abril de 1973 e ao papel desempenhado pelo primeiro líder do seu partido e antigo Presidente da República Mário Soares.
“O nome maior de Mário Soares e os seus camaradas fundadores do PS estabeleceram desde esse dia os objetivos políticos que, por vontade do povo, vieram a materializar-se e a transformar o país: O Portugal Europeu e não Imperial; a lusofonia igualitária entre povos e Estados; uma democracia de modelo ocidental com governos assentes em sólidas bases parlamentares e um regime semipresidencialista que, juntos, respeitam e conferem equilíbrio à separação de poderes”, acrescentou.