Marco Escadas, professor natural de Goães, concelho de Vila Verde, é um dos três coautores de um artigo que foi agora considerado o melhor em termos científicos pela Business Ethics, the Environment and Responsibility, uma das mais importantes revistas mundiais a nível de ética.
O artigo distinguido intitula-se “Why bad feelings predict good behaviours: The role of positive and negative anticipated emotions on consumer ethical decision making”, e analisa o comportamento do consumidor ao nível da ética, indicando que este muitas vezes prefere agir de forma positiva para evitar sentir culpa no futuro. Ou seja, trabalha as emoções antecipadas: até que ponto a decisão em relação a um dilema ético de consumo, agora, é influenciada pelas emoções que o consumidor espera sentir no futuro.
O professor do Departamento de Gestão da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho escreveu o artigo em conjunto com a também professora na instituição, Minoo Farhangmehr, e com a professora do ISCTE, Marjan S. Jalali.
Why bad feelings predict good behaviours: The role of positive and negative anticipated emotions on consumer ethical decision making. Business Ethics: A European Review. 28(4): 529–545. https://t.co/g69FDlbHeN
— Marco Escadas (@MarcoEscadas) August 19, 2020
De acordo com uma nota publicada pela Universidade do Minho, esta distinção “resulta de uma avaliação do corpo editorial da revista científica Business Ethics, the Environment and Responsibility, e dos votos expressos pela respetiva comunidade científica”.
Recorde-se que em julho deste ano, Marco Escadas já havia sido distinguido com o “Best PhD Thesis Award in Consumer Behaviour”, artigo que foi publicado em diversos jornais de elevada reputação científica.
Exemplos de dilemas éticos passam por trocar etiquetas em lojas de roupa, fazer downloads ilegais ou ceder lugar a um idoso
A O MINHO, Marco Escadas considera “importante” a distinção, pois “eleva o papel que a universidade tem vindo a desenvolver ao nivel da investigação, e reforça que, a nível das revistas e padrões mais elevados de criação científica”, a UMinho está “nos níveis da ciência e conhecimento mais avançados na área”.
“Publicar lá é dificílimo, a rejeição é de 98%, e ter sido um dos cinco melhores em dois anos de publicações, e ter ganho a votação, foi muito importante, até para que os nossos alunos percebam que a investigação que estamos aqui a fazer na Universidade [do Minho] está ao nível daquilo que de melhor é feito no mundo”, considerou.
Para este estudo foram avaliados comportamentos do consumidor no dia-a-dia, em situações tão mundanas como respeitar os direitos de autor e não fazer download de músicas ou jornais de forma ilegal, trocar etiquetas numa loja de roupa para poder levar a peça mais barata, ou até ceder o lugar a um idoso quando viajámos num transporte público lotado.
“O que é engraçado nas conclusões, é que mais do que querer sentir-me bem, positivo, feliz, satisfeito no futuro, a minha decisão agora, eticamente correta, é estimulada por não pretender sentir-me mal no futuro. Ou seja, o consumidor não tolera muito bem a culpa, é um sentimento pesado”, explica Marco Escadas.
Dilemas éticos da covid-19
O investigador funde estas conclusões com o contexto da pandemia, embora o estudo tenha sido realizado numa fase anterior, e considera que, incutindo um sentimento de culpa – ou seja, se não te isolares podes fazer mal à tua família e amigos -, os resultados são muito mais favoráveis, com a população a aderir mais facilmente ao que lhe é pedido.
“Se o Governo ou as instituições quiserem estimular comportamentos favoráveis de distanciamento, vacinas ou uso de máscara, mais do que dizer: se te vacinares vais sentir-te bem; as mensagens mais fortes para desencadear comportamentos responsáveis passam pelo género: se te vacinares vais impedir de estar a fazer mal à tua familia ou à empresa. É realmente uma mensagem mais eficaz perante dilemas éticos”.
Prémio
A Business Ethics, the Environment and Responsibility é uma das mais prestigiadas revistas científicas na área da ética nos negócios (Impact Factor: 6.967; Scimago Q1), sendo considerada, de acordo com o recente ranking Journal Citation Reports 2020, da Clarivate Analytics, como a segunda revista científica mais reputada do mundo na área de “Ethics”.
O prémio de Melhor Artigo da Business Ethics, the Environment and Responsibility destina-se a reconhecer, promover e celebrar a elevada qualidade académica e científica do trabalho dos seus autores.