O Partido Popular (PP), o maior da oposição espanhola, elegeu hoje em Sevilha (Andaluzia) Alberto Núñez Feijóo como o seu novo presidente, que vai tentar levar a direita ao poder nas eleições legislativas previstas para finais de 2023
Núñez Feijóo, de 60 anos, que teve o apoio de 98% dos delegados ao XX Congresso Nacional do PP, era o único candidato a suceder a Pablo Casado, de 41 anos.
O novo presidente eleito é um político experiente e moderado que terá como principal responsabilidade tentar que a direita substitua a atual coligação de esquerda, que está no poder em Espanha, liderada pelo Partido Socialista espanhol (PSOE) e que tem como parceiro o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
“Vim aqui para ganhar e para governar. Se não, não tinha vindo”, disse o novo presidente do PP, na sexta-feira, quando apresentou a sua candidatura aos mais de 3.000 delegados presentes no congresso.
José Alfredo Oliveira, presidente da concelhia do PSD em Ponte de Barca, e atual vice-presidente da Câmara, foi um dos convidados para a eleição do espanhol, em quem deposita confiança necessária para retomar o centro-direita ao poder em Espanha.
“O futuro de Espanha passará inevitavelmente por Alberto Núñez Feijóo, hoje aclamado Presidente do Partido Popular e candidato a Presidente do Governo espanhol”, escreveu nas redes sociais.
E deixou conselhos para a direita portuguesa: “Tal como o PP que hoje inicia um novo caminho, o PSD tem forçosamente de reposicionar-se na liderança do centro-direita e assumir-se enquanto alternativa de Governo em Portugal”.
Também Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, parabenizou e elogiou o político galego, assegurando que “o PP Espanhol fica em boas mãos”, considerando ainda que “amanhã, Espanha também ficará”.
O edil minhoto afirmou ainda que Alberto Nuñez Feijóo, “além de um bom amigo”, é “um político de enorme qualidade”.
Feijóo posicionou-se durante o seu primeiro discurso como a alternativa ao atual Governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez.
“Estamos aqui para oferecer aos espanhóis viabilidade, um rumo e uma alternativa ao Governo atual”, disse Núñez Feijóo poucos minutos depois de ter sido eleito líder por 98% dos delegados ao XX Congresso Nacional do Partido Popular (PP).
O ainda presidente da região da Galiza tem 60 anos e era o único candidato a suceder a Pablo Casado, de 41, que se demitiu depois de uma guerra interna com a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.
“Espanha merece mais do que um governo triunfalista, que pensa que o que sai mal é sempre culpa dos outros”, afirmou Feijóo referindo-se ao Governo de coligação de esquerda formado pelo Partido Socialista (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
O novo líder do maior partido da direita espanhola assegurou que tem “fome” de lutar pelo poder e insistiu que, “quando chegar o momento”, o PP irá mostrar “aos espanhóis que há uma alternativa”.
Alberto Núñez Feijóo é um político veterano e moderado, que obteve quatro maiorias absolutas consecutivas na Galiza, sendo ainda de destacar que conseguiu conter o crescimento da extrema-direita (Vox) naquela comunidade autónoma espanhola.
O novo líder eleito do PP sublinhou que os trabalhadores e as empresas serão uma parte central do seu projeto: “Respeito os trabalhadores que se levantam todas as manhãs para trabalhar, os trabalhadores independentes, os pequenos e médios empresários e respeito os grandes empresários que levam a marca do nosso país em qualquer parte do mundo”, disse.
Feijóo surpreendeu os delegados ao tornar pública a sua amizade com “o comunista” Regino Martín, secretário-geral do sindicato Comiciones Obreras na empresa Correos e recordou os seus acordos alcançados com os sindicatos desta empresa pública, para a transformar numa empresa eficiente, e para manter a maior parte dos seus empregados.
O novo líder do PP nasceu em Ourense (Galiza) em 1961 e é licenciado em Direito pela Universidade de Santiago de Compostela, de acordo com o seu perfil na página do Governo regional.
Em 1991, iniciou a sua carreira política como secretário-geral técnico do Departamento de Agricultura e Florestas e em 1996 mudou-se para Madrid para fazer parte do Governo de José María Aznar, onde foi nomeado secretário-geral da Saúde no Ministério da Saúde, cargo que assumiu até 2000.
Depois de passar por várias instituições públicas e privadas, Núñez Feijóo concorreu para o parlamento galego em 2009, sendo presidente do Governo regional desde 18 de abril de 2009.
No seu discurso, Feijóo também ofereceu o seu apoio ao Governo espanhol em questões de Estado, mas também avisou Pedro Sánchez que não aceitará pressões ou propaganda, sugerindo que esta é a tática que o executivo tem utilizado com Pablo Casado e o antigo PP ao longo de toda a legislatura.
“Não vamos ser o PP que os outros partidos querem”, assegurou, referindo-se a seguir aos antigos líderes e primeiros-ministros do PP Mariano Rajoy (2011-2018) e José María Aznar (1996-2004) como sendo as suas “referências” e também ajudas essenciais nesta nova etapa do partido.
O congresso de Sevilha põe fim a uma guerra interna que começou há mais de um mês com o conflito aberto entre a liderança cessante de Pablo Casado e a presidente da Comunidade de Madrid.