Praia fluvial em Cerveira vai ter complexo mineiro romano recuperado

Arqueologia
Foto: CM Cerveira

A Câmara de Vila Nova de Cerveira iniciou a recuperação de um complexo mineiro que remonta à época romana, localizado nas margens do rio Coura, em Covas, para transformar aquele conjunto num polo de turismo cultural e de natureza.

Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, aquela autarquia do distrito de Viana do Castelo explicou que a valorização do complexo mineiro, designado Couço do Monte Furado e classificado em 1997, como Imóvel de Interesse Público Nacional, começou na segunda-feira com a realização de “trabalhos de escavação, num investimento municipal a rondar os 30 mil euros e com prazo de execução até ao final do ano”.

O município liderado por Fernando Nogueira explicou que o objetivo passa por “potenciar e ampliar a valorização turística da freguesia de Covas, na Serra d’Arga”.

A intervenção de recuperação do complexo mineiro, “até agora votado ao abandono, recolheu o acordo da Junta de Freguesia e o parecer favorável da Direção Geral do Património Cultural”.

A intervenção agora iniciada, dirigida por Brais Currás, investigador do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP) da Universidade de Coimbra, pretende, numa primeira fase, “a compilação documental e exploração arqueológica que defina e clarifique os elementos que integram os restos mineiros, nomeadamente a sua cronologia cuja data previsível é a época romana”.

Posteriormente será realizada a “limpeza do terreno, a criação de acessibilidades e a marcação do trilho que ligará a velha central hidroelétrica, a segunda mais antiga de Portugal, até ao Couço do Monte Furado, numa extensão de aproximadamente dois quilómetros, sempre junto às margens do rio Coura”.

Aquele percurso será “completado com painéis informativos que incluirão reconstruções gráficas do processo de exploração do ouro”.

“A intervenção permitirá mostrar aos visitantes, de forma clara, didática e visual, todo o processo romano de exploração de ouro no leito do rio Coura, através de um sistema baseado num desvio do caudal de água pela escavação de uma galeria”, especificou o município.

O conjunto arqueológico do Couço do Monte Furado é formado por três estruturas complementares: a presa de derivação, o canal de captação e a galeria.

“Esta última apresenta-se como a mais importante pelo seu caráter atrativo do ponto de vista patrimonial, pois trata-se de um túnel escavado a pico, e que ainda conserva os lucernários onde os trabalhadores colocavam as lâmpadas que os iluminavam durante o processo de construção”, especificou.

Já “o túnel, com cerca de 150 metros, serviu para desviar as águas do rio Coura, de forma a permitir a exploração de ouro nas áreas do troço fluvial que ficava seco, durante os trabalhos de minério realizados entre os séculos I e III d.C. por parte do Império Romano no noroeste da Península Ibérica e que tinham em comum o uso da energia hidráulica como elemento fundamental”.

 
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