Portugal pede à China que use influência para demover Putin de retórica nuclear

Guerra
João Cravinho. Foto: ONU / Loey Felipe

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, disse hoje que pediu à China que utilize a sua influência para demover o Presidente russo, Vladimir Putin, da retórica sobre a utilização de armas de destruição maciça.

Em declarações à imprensa portuguesa em Nova Iorque, onde participou na 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), Cravinho indicou que usou o seu encontro de quarta-feira com o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, para abordar a invasão russa da Ucrânia.

“Sim, falámos da guerra. Muito em particular, aquilo que eu sublinhei ao meu colega chinês foi que, embora possamos ter ideias diferentes sobre a natureza da guerra, era fundamental que a China utilizasse a sua influência para explicar ao Presidente Putin que a retórica sobre a utilização de armas de destruição maciça é absolutamente inaceitável, descabida e que era fundamental que se eliminasse do vocabulário do Presidente russo”, disse o MNE português.

Desde o início da guerra, a China tem sido um dos países que se tem abstido de condenação a atuação da Rússia na Ucrânia, em palcos como o Conselho de Segurança e a Assembleia-Geral da ONU.

Contudo, Wang Yi garantiu hoje ao homólogo ucraniano, Dmytro Kouleba, que Pequim pediu respeito pela “soberania e integridade territorial” de todos os países, de acordo com a imprensa estatal chinesa.

Já sobre o encontro entre os MNE português e chinês, a agência estatal chinesa noticiou que Wang Yi observou que a “relação China-Portugal resistiu ao teste das mudanças no cenário internacional e alcançou um desenvolvimento sólido com base na compreensão e confiança mútua”, acrescentando que o “povo chinês tem sentimentos amigáveis em relação ao povo português”.

“Os dois países têm avançado na cooperação prática enquanto superam o impacto da pandemia de covid-19”, disse Wang, acrescentando que as exportações de produtos agrícolas e alimentares portugueses para a China estão a crescer rapidamente, e que a cooperação entre grandes empresas de ambos os países, assim como a cooperação tripartida, estão a progredir.

Wang Yi disse ainda que Portugal, “como um importante membro da União Europeia”, tem desempenhado um papel positivo e construtivo nas trocas entre a China e o bloco europeu.

De acordo com a agência Xinhua, a China mostrou estar disposta a trabalhar com Portugal para, em conjunto, defender o papel central da ONU nos assuntos internacionais e promover a causa da paz, do desenvolvimento e do progresso.

Wang Yi também expressou a expectativa de que a União Europeia adote uma “atitude objetiva, racional e imparcial” (…) de modo a “produzir resultados vantajosos para todos”.

Já sobre a posição de Cravinho, Xinhua indicou que o português destacou o papel crítico da China na abordagem de desafios comuns, como salvaguardar a paz e a segurança e combater as alterações climáticas.

Elogiando a eficácia do princípio “um país, dois sistemas” em Macau, Cravinho disse esperar que Macau continue a funcionar como uma ponte para facilitar a cooperação Portugal-China, de acordo com Xinhua.

 
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