Ponte Eiffel de Viana: 146 anos ao serviço do noroeste de Portugal

Inaugurada a 30 de junho de 1878
Foto: Wikipedia

A velhinha Ponte desenhada pela Casa Eiffel & Cia, que atravessa o rio Lima, entre Viana do Castelo (margem norte) e Darque (margem sul), completa dia 30 de junho 146 anos ao serviço do noroeste português. Quiçá, esse serviço se estenda muito para lá da fronteira portuguesa, uma vez que, parte integrante da Linha do Minho, dá corpo à única ligação ferroviária internacional no Alto Minho.

Executada em ferro pudlado, continua a desempenhar o papel para o qual foi projetada, ou seja, dar prossecução à Estrada Nacional 13, através do seu tabuleiro superior e, à Linha do Minho, no seu tabuleiro inferior. Trata-se de uma belíssima obra de arte do nosso património industrial ferroviário, que parece suspensa nas águas do rio Lethes, permitindo fruir a sua resistência contra as agruras da natureza; a sua leveza, apesar da sua natureza ferrosa; o seu arrojo, enquanto sinónimo de “querer é poder”. Enfim, o completar da união e da fraternidade entre as comunidades.

Assim devemos olhar para ela, como sendo parte das nossas vidas, do nosso quotidiano, apesar de muitas vezes a atravessarmos sem sequer pensarmos que, sem ela, teríamos que percorrer imensos quilómetros para alcançar o que, com pouco mais de 500 m, ela permite-nos alcançar em segundos. Ao fim e ao cabo, o frenesim em que muitos de nós vivemos dilui as nossas energias, de tal forma que pouco sobra para apreciarmos a arte, a engenharia e a técnica empregues nessa magnífica Ponte de finais do século XIX. 

Desenhada por Gustave Eiffel

A velhinha Ponte foi mesmo desenhada pela mão de Alexandre Gustave Eiffel, ao passo que outras obras da Casa Eiffel & Cia não foi ele quem as desenhou, mas que, todavia, ficou-lhes associado o nome.

Há uns anos a esta parte a Câmara Municipal de Viana do Castelo, na pessoa do anterior presidente, comprometeu-se criar um Centro Interpretativo da Ponte Eiffel na cidade, sem que, todavia, algum dia o tenha concretizado. Ora, infelizmente, passada meia dúzia de anos nada disso surpreende, bastando constatar o país que nos foi prometido após o 25 de abril de 1974 e o país assimétrico e bipolar em que vivemos. Por outro lado, um país que discute a execução de um aeroporto há 50 anos, porque não irá discutir uma autarquia um mero Centro Interpretativo aí por uns 100 anos? Bem, daqui a 100 anos veremos e, nessa altura, quando encontrar Eiffel no reino dos Deuses, talvez lhe peça para colocar a questão e saber como vai a coisa.

A terminar, quero apenas manifestar o meu apreço por todos os obreiros da Ponte Eiffel de Viana do Castelo (sem exceção), recordando que, desde o mais simples trabalhador, ao mais prestigiado engenheiro, sem a participação de todos não seria possível construir esse colosso da engenharia de Oitocentos. No fundo, quer isto dizer que, sem a comunhão de todos, não há progresso, seja ele social, económico, territorial ou outro. Na mesma medida que, quando não se cumpre a palavra dada, não há confiança. E, na mesma medida, poderia Eiffel furtar-se a aceitar a obra, mas, tratava-se de um Homem. Parabéns, Ponte Eiffel, 146 anos é obra!

 
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