Os canoístas Rui Lacerda e Ricardo Coelho assumiram hoje que conquistar o título europeu de maratonas em Ponte de Lima é o concretizar de um “sonho”, valorizando o trabalho de muitos meses.
“É um sonho. É um sonho fruto de muito trabalho, muito sacrifício. Não somos profissionais deste desporto, temos outra profissão que temos que conciliar e muitas vezes tirar tempo à família, tirar tempo a outras coisas e dedicarmo-nos quase a 100 % a este desporto para conseguir estes resultados”, disse Rui Lacerda, em declarações à Lusa.
Rui Lacerda e Ricardo Coelho completaram os 26,2 quilómetros no Rio Lima em 1:40.37 horas, superiorizando-se aos espanhóis Jaime Duro e Óscar Grana, segundos, a 01.24 minutos dos lusos, e Manuel Campos e Diego Romero, terceiros, a 03.18 minutos.
“É verdade, hoje vamos ouvir ‘a portuguesa’. Numa prova muito disputada, acreditámos sempre até ao final, conseguimos mostrar que estávamos um bocadinho mais fortes, isolar-nos e ser campeões europeus. É um sonho”, insistiu.
No sábado, Rui Lacerda tinha sido medalha de prata em C1, a escassos 88 centésimos de Manuel Campos, mas hoje o bombeiro de 33 anos viveu um “sentimento nunca experienciado” junto do amigo Ricardo.
“Já temos alguns anos de treino juntos, o Ricardo tem vindo a evoluir muito, muito. Muito mesmo. Tem sido um parceiro de treino incansável, tem-me levado ao limite e é também graças a ele que também estou a conseguir manter um estado de forma bom. Para estar nesta prova, temos que estar os dois no nosso melhor para conquistar este título europeu”, elucidou.
Ricardo, que em 2016 tinha sido campeão da Europa júnior, igualmente em C2, com Duarte Silva, destacou o “sentimento indescritível por conquistar o ouro em casa e com um amigo”.
Assumiu que depois do ataque que fizeram na penúltima portagem – os atletas saem da água e correm com o caiaque durante uns 100 metros até voltarem à água – as dúvidas quanto ao êxito começaram a ficar dissipadas.
“Quanto chegámos à rondagem, vi que eles não recuperaram terreno e estávamos a conseguir distanciar-nos. Pensei que se mantivéssemos o ritmo até cá abaixo, mais uma volta, o título seria nosso”, revelou o engenheiro eletrónico de 26 anos.
Após cortarem a meta, “o melhor banho até hoje no Rio Lima”, perante centenas de adeptos que celebravam a sua conquista.
Este foi o oitavo pódio de Portugal nos Europeus de maratonas, que juntam cerca de 250 canoístas de 26 países.