Pelo menos quatro concelhos da região do Minho bateram recordes de temperatura máxima (acima dos 23º) no passado dia 02 de fevereiro. Ponte de Lima, Famalicão, Vila Verde e Barcelos registaram temperaturas anómalas mas em consonância com o resto do país, face ao período de tempo seco e temperaturas mais elevadas que se arrastou entre o final de janeiro e início deste mês.
Segundo o relatório climático do mês de janeiro realizado pelo Centro de Estudos Climáticos da MeteoFreixo, do Agrupamento de Escolas de Freixo, em Ponte de Lima, assinado por Gonçalo Sousa, o mês de janeiro foi mais “quente (+ 2,3ºC) e chuvoso que o normal (+ 59%), apesar de 10 dias secos no final do mês”.
“A temperatura média deste mês foi por muitos dias próxima dos 15ºC, bastante acima da normal (9ºC), ainda que tenhamos tidos alguns (poucos) dias da primeira semana, bastante frios com formação de geada. Outro pormenor foram os dias de intensa chuva que “amenizaram” a temperatura da primeira quinzena. Pelo contrário, os poucos dias secos da primeira quinzena foram mais rigorosos com temperaturas baixas”, explica Gonçalo Sousa.
Para o jovem investigador, “de acordo com um ditado popular de meteorologia, ‘janeiro quente, traz diabo no ventre’, os últimos dez dias do mês foram anormais com valores nunca registados no último quinquénio. O ‘diabo no ventre’ deste mês de janeiro é a antecipação do ciclo vegetativo com a floração precoce e, mediante um posterior episódio de frio vir a pôr em causa as culturas agrícolas deste ano”.
“A temperatura média desde o dia 24 que persiste entre 14 e 15ºC e as temperaturas máximas acima do 20ºC e que se traduziu numa onda de calor no final de janeiro e que se prolongou até 4 de fevereiro”, acrescentou.
O centro de estudos lembra que o IPMA também publicou recentemente a informação da onda de calor na região norte e centro de Portugal, incluindo das suas estações do Porto, Monção e Montalegre (entre 8 a 10 dias).
“O ‘bloqueio’ que o anticiclone, localizado no golfo da Biscaia, está a condicionar a um tempo seco com temperaturas muito elevadas para a época, especialmente sentidas no noroeste peninsular”, prossegue.
Termograma
O tempo seco dos últimos dias de janeiro não impediu a precipitação acumulada de 280 mm, quase 60% acima da normal (176 mm), mantendo a tendência do trimestre anterior, bastante chuvoso. De salientar que tivemos os dias 2 e 15 de janeiro muito pluviosos, ultrapassar os 50 mm e causar alguns danos materiais e condicionar algumas vias rodoviárias.
Pluviograma
Anomalia termopluviométrica de janeiro (Região Minho)
Confirma-se a classificação de mês quente e húmido, atendendo à temperatura 2,3ºC acima da média e à pluviosidade de 280 mm, 59% acima da normal.
Onda de calor de 24 janeiro a 4 de fevereiro
Explica o MeteoFreixo que “normalmente associamos a onda de calor à estação de verão, mas na verdade, também pode acontecer no inverno como aconteceu recentemente com 12 dias consecutivos com temperatura máxima 5ºC acima da normal da época (13,7ºC em janeiro e 14,7ºC em fevereiro)”.
“Este desvio positivo chegou a ser mais de 10ºC com temperaturas entre 20 e 25ºC”, explicam.
No dia 02 fevereiro 2024, a região Minho foi a mais quente de Portugal continental, confirmado pelas estações locais do IPMA e pela estação do MeteoFreixo.
“Aliás, Ponte de Lima foi mesmo a localidade com a temperatura máxima mais elevada com 23,5ºC num mês onde normalmente a máxima não ultrapassa os 15ºC!”, conclui o relatório.