O protesto de agentes da PSP em Braga devido aos valores apresentados recentemente pelo Governo em relação ao subsídio de risco, continua em marcha ao fim de cinco dias, sempre a partir das 16:30, em frente ao edifício sede do Comando Distrital daquela força policial.
A grande novidade é que já estão marcados protestos idênticos a iniciar segunda-feira, frente ao edifício do Comando Metropolitano de Lisboa, e terça, em frente ao edifício do Comando Metropolitano do Porto, nos mesmos moldes.
O MINHO sabe que estão a ser preparados protestos similares em outras zonas do país.
Nesta sexta-feira voltaram a marcar presença cerca de 130 elementos das forças de segurança, com apoio de civis que também envergaram t-shirts pretas em manifesto simbólico contra as decisões da tutela.
Ao longo da semana, os polícias bracarenses foram alvo de manifestações de apoio por parte de alguns presidentes de Junta, como é o caso de Goretti Machado (Fraião) ou Ricardo Silva (São Víctor), e de candidatos, como é o caso de José Macedo, que concorre como independente em São Vicente. Também os candidatos à Câmara de Braga do PAN, Rafael Pinto, e do Chega, Eugénia Santos, manifestara apoio com a presença no local de protesto.
O protesto vem na sequência do aviso dos sindicatos da PSP e das associações socioprofissionais da GNR, que também consideram “vergonhosa” e “inaceitável” a proposta, ameaçando com ações de luta para contestar “o valor irrisório”.
Os representantes estiveram reunidos com o secretario de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luis, em que foi apresentada e discutida a proposta de montante a atribuir ao subsídio de risco, tal como está previsto no Orçamento do Estado deste ano.
Segundo as estruturas que representam os elementos das forças de segurança, o Governo não apresentou um valor individual para o subsídio de risco, pretendendo transformar a componente fixa do suplemento de serviço nas forças de segurança em suplementou por serviço e risco nas forças de segurança.
Os sindicatos e associações socioprofissionais indicam que o Governo propôs que este suplemento teria um valor de 100 euros para o pessoal de patrulha, 90 euros para quem desempenha funções de comandos e 80 euros para os restantes operacionais.
Atualmente a componente fixa do suplemento de serviço nas forças de segurança é de 31 euros, o que se traduz num aumento de 68, 59 e 48 respetivamente, alegam estas estruturas.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, manifestou-se desiludido com a proposta, sublinhando à Lusa que hoje foi apresentado um valor “muito baixo” e que “não corresponde em nada” ao risco que os polícias correm diariamente, nem dignifica e respeita estes profissionais.
“Não aceitamos de forma nenhuma este valor”, disse, frisando que a proposta é “o contrário daquilo que foi definido em reuniões anteriores” com o secretário de Estado.
Paulo Santos disse ainda que a ASPP vai pedir reuniões com grupos parlamentares e pondera realizar formas de luta.
Também o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), Manuel Andrade, disse à Lusa que valor é “inaceitável” e “ridículo”.
“O Governo não respeita os polícias que durante 24 por dia e sete dias por semana executam a sua atividade em risco permanente”, afirmou, frisando que só não abandonou a reunião com o secretário de Estado por respeito aos associados do SPP.
Também o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) considera “vergonhosa” a proposta e já comunicou formalmente que não vai assinar qualquer acordo coletivo com o valor apresentado e entregou aos representantes do Governo o pedido de negociação suplementar.
Armando Ferreira disse que esta negociação suplementar pretende que se inicie uma nova negociação para que seja apresentado “um valor de suplemento de risco que reflita uma proposta séria e que vá de encontro com os riscos inerentes à profissão policial”.
O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, também criticou a proposta, realçando que se trata de um valor “ridículo” e “irrisório” que não dignifica o trabalho de um militar da GNR.
“Não podemos ser considerados polícia de segunda ou de terceira. Há outras polícias que já têm um subsídio de risco há vários anos”, disse, referindo-se aos elementos da Polícia Judiciária.
Os elementos da PSP e da GNR reivindicam um subsídio de risco idêntico ao da Polícia Judiciária, que é cerca de 340 euros mensais.
César Nogueira admitiu ainda formas de luta, que podem ser em conjunto os sindicatos da PSP, sustentando que os elementos das forças de segurança foram mais uma vez desconsiderados” pelo Governo.
O secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna marcou uma nova reunião com os sindicatos da PSP e associações da GNR para 21 de julho, altura em que estas estruturas vão apresentar as suas propostas.