Polícia Judiciária investiga queixa anónima contra Misericórdia de Vila Verde

O DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) do Tribunal de Braga abriu uma investigação a uma queixa feita contra o Provedor e a Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde. A Procuradoria Geral da República (PGR) mandou investigar a denúncia, segundo a qual, o Provedor Bento Morais tem quatro familiares diretos na gestão dos principais departamentos e três outros que fornecem mercadorias e serviços à instituição.

A carta enviada à PGR, ao presidente da República, ao Ministro do Trabalho e ao Arcebispo de Braga fala de “uma só família com salários acima da média numa IPSS onde os 400 funcionários recebem o salário mínimo”. Diz que o Provedor usa um cartão de crédito sem limite e com compras para a casa da família e férias e aquisições de luxo pessoal que entram na conta da IPSS”.

Diz que as irregularidades assumem dimensões muito maiores do que as que se suspeita existirem na Raríssimas. Concretizando diz que o Provedor, há 20 anos no cargo, tem a filha à frente dos Recursos Humanos e Serviços Jurídicos; uma nora à frente da Contabilidade e Tesouraria; o filho à frente das Obras; e um genro a gerir um dos lares da Misericórdia.

Acrescenta que um outro filho, empresário e político local do PS, é o principal fornecedor de equipamentos de informática, multimédia e consumíveis, além de prestar serviços de consultoria na área fiscal – recorrendo a um testa de ferro nesta área.

“O inventário do material informático não é feito porque a empresa do filho fica com o registo das faturas, que o pai e a mulher mandam pagar. Chega-se ao ridículo de todas as fotocópias serem faturadas pela firma do filho”, a VerdeData. Aponta, ainda, a existência de dois irmãos aposentados, que vendem à Misericórdia produtos agrícolas, kiwis, a preços de luxo.

Mesários

O documento refere, ainda, a existência de outros mesários ligados a empresas que fornecem e fazem obras para a IPSS “e sempre com obras a mais em todas as empreitadas”, frisando o caso da dívida a uma construtora, por trabalhos a mais, que ronda um milhão de euros. Diz que se trata da empreitada de requalificação do Hospital, a pagar quando houver dinheiro dos 7,5 milhões do novo mega-empréstimo pedido pelo organismo.

Acrescenta que há outro mesário que fornece a Misericórdia com empresas em nome de familiares e um talho, “de onde vai a carne para a Misericórdia, ao lado de carnes selecionadas para casa do clã do Provedor”. E onde entram cabritos e vitelos entrados, bem como marisco, vinho de luxo e digestivos.

Enumera supostas ilegalidades nos exames – “prescritos em catadupa” – com comparticipação do SNS (Serviço Nacional de Saúde) e diz que, no lar, só entram idosos que paguem 15 mil euros à cabeça. Concluem que o “controle de todos os papéis está nas mãos da família” e lembra que houve

“três funcionários que saíram por pressões políticas e psicológicas e que tiveram direito a umas boas indemnizações para evitar gargantas fundas em processos judiciais”.

O MINHO contactou o Provedor e um dos filhos que não se pronunciaram. Fontes que lhe são próximas atribuem a queixa a elementos do PSD local. Que, por sua vez, responde a queixas do PS local contra a Autarquia.

 
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