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Em 2015, um casal estrangeiro decidiu seguir uma convicção de que a natureza pode ter um poder curativo e que a humanidade precisa (muito) desses lugares de cura. O que começou como um impulso de pesquisar “terrenos à venda em Portugal”, transformou-se numa realidade: compraram um terreno em Vila Pouca de Aguiar (distrito de Vila Real)), há muito intocado, com ruínas do que era uma antiga casa e construíram um ‘resort’ de cabanas em madeira com sauna finlandesa a lenha cortada nos arredores.
A jornada para erguer este aldeamento encontrou muitas pedras pelo caminho (e algumas até serviram para reconstruir um moinho). Um passo importantíssimo foi construir os acessos: uma estrada (de terra), uma ponte e diferentes acessos sustentáveis (em madeira). Dali, começaram a erguer pequenas cabanas em madeira e pedra. Em setembro, o lugar, batizado como Tinhela610, abre ao público como alojamento local e retiro para yoga e outros exercícios da mente, que ocorrerão numa plataforma em madeira e num moinho de pedra, também ele reabilitado pelo casal.
Só havia caminhos de cabras
Inicialmente, conta a norte-americana Holly Niemela e o marido francês Edouard Payen, todos lhes diziam que não era uma boa ideia investir num local tão remoto, até porque as passagens mais largas que existiam de acesso à zona das ruínas eram os chamados ‘caminhos de cabras’, com apenas 50 centímetros, e “usadas por ovelhas”, descreve a empresária no portal do aldeamento, que abre em setembro.
TERRENO ESTAVA NUM LOCAL PRATICAMENTE INACESSÍVEL
AGORA É UM PEQUENO ‘PARAÍSO’ REMOTO
“Se construirmos, eles vêm”
Apesar das dificuldades e de todo o dinheiro que tiveram de investir – perto de um milhão de euros -, o casal inspirou-se no premiado drama ‘sci-fi’ de 1989 Campo de Sonhos, protagonizado por Kevin Costner, onde o ator diz “Se construirmos, eles vêm”. E, a partir de 01 de agosto, quem quiser ir pode fazer reserva através do portal da ‘aldeia’.
Depois de muito esforço, primeiro no desmatamento e na construção de acessos, que incluiu passadiços e escadórios em madeira, e depois na construção das próprias cabanas em madeira e pedra, o rio Tinhelas e as suas colinas são ladeados por “um refúgio de paz e beleza transcendental”, consideram.
“Exemplo de sustentabilidade”
Sem descurar a beleza natural do espaço, o casal menciona que o Tinhela610 é um exemplo de sustentabilidade: “Totalmente independente em termos de água e energia, o refúgio funciona fora da rede elétrica convencional”.
Além disso, salientam, apoiam a comunidade local, priorizando fontes de alimentos e bebidas locais, “criando oportunidades de emprego e promovendo atividades culturais”.
Viver como um eremita
Uma das propostas do alojamento é a chamada “experiências eremita”, para quem precisa “dar um passo atrás, relaxar e descontrair na natureza”. Tem uma estadia mínima de três noites e inclui relaxar numa “grande pedra perto do rio” para “esvaziar a mente”, além de alguns “rituais simples”, como “lavar-se com água da fonte” dentro da cabana, explorar trilhos e praticar ioga numa plataforma de madeira ao ar livre.
Para Holly, respirar “ar limpo e fresco serve para “estar no momento presente”.
Banho de Floresta
Sugerem ainda aquilo que chamam de “banho de floresta” (silvoterapia em português técnico), um conceito japonês onde a prática passa por “absorver a atmosfera” da natureza com todos os sentidos disponível no corpo humano.
Além do mais, é ainda possível observar pássaros com binóculos, nadar e pescar trutas no rio, transpirar na sauna ou meditar sob as estrelas na alcova escondida.
150 euros por pessoa durante três noites
De acordo com o portal do alojamento, há um “preço especial de abertura” para as reservas que abrem em 01 de agosto. “150 euros por pessoa, em vez de 200 euros, numa cabana aconchegante para 2 pessoas (camas de solteiro XL) com pequeno-almoço e todas as comodidades de acampamento base, com estadia mínima de três noites”.
A finalizar, e aprofundando a experiência do “banho de floresta”, o casal observa que as casas de banho “estão perto, mas não dentro da cabana”.