Um milhão de euros. É esta a quantia pedida no Tribunal de Trabalho de Braga pelo futebolista natural de Viana Pedro Neto, à SAD (Sociedade Anónima Desportiva) do Sporting Clube (SC) de Braga com a alegação de que o clube ficou de lhe pagar esse montante como contrapartida da transferência, na época 2016/17 e quando tinha apenas 17 anos, para a Lazio de Roma, em Itália.
A esta quantia acresce uma outra de 200 mil, o que eleva o pedido para 1,2 milhões.
Neto, que atualmente joga no Wolverhampton, de Inglaterra diz que o clube recebeu o dinheiro da mudança para o clube italiano – operação que envolveu, ainda, o jovem, Bruno Jordão, então com 18 anos – , mudança anunciada naquela data como podendo atingir os 17 milhões, verba mínima, que entraria nos cofres dos Gverreiros do Minho, dependendo o seu montante final dos objetivos atingidos pelos dois atletas.
Pedro Neto, extremo canhoto, já jogara naquela temporada na I Liga, no Estádio da Luz, contra o Benfica (derrota por 3-1), depois de se ter estreado no principal campeonato português em 2017, tendo mesmo marcado um golo ao Nacional, na penúltima jornada.
Contactado a propósito, o Gabinete de Comunicação do SC Braga disse a O MINHO que o acordo celebrado com o Pedro Neto no final da época 2016/2017, e rubricado pelo presidente António Salvador, (que está na origem do litígio e é parte integrante do seu contrato de trabalho), previa que, “se ele estivesse ao serviço do SCBraga em 2017/2018 receberia a quantia adicional de 200 mil euros líquidos que visavam compensar a expectativa salarial dele aquando da outorga do contrato. Se fosse transferido em definitivo até 31 de Agosto de 2017 receberia o prémio de um milhão de euros ilíquidos por conta da transferência”.
Barcelona na corrida
O clube salienta, a propósito, que “o jogador não tinha contrato de trabalho com o SC Braga, apenas contrato de formação, mas estava a ser muito assediado (Barcelona e outros clubes de monta já o tinham contactado), pelo que havia que o segurar aqui para poder tirar vantagem patrimonial disso e desportiva também”.
Assim, acrescenta o SC Braga, – que vai contestar a ação no Tribunal- “para satisfazer a expectativa salarial dele face ao assédio de outros clubes tivemos de lhe garantir os tais 200 mil euros líquidos se continuasse aqui porque ele aceitou assinar por apenas 150 mil ilíquidos de salário para 2017/2018”.
E prosseguindo na sua defesa, diz o clube: “se o Pedro Neto saísse receberia o prémio de um milhão ilíquido, mas, no quadro de um acordo com o seguinte subcontexto: já estava tudo alinhavado para ele sair em definitivo no verão sendo garantido ao SCBraga o encaixe fixo de 17 milhões, dos quais já sabíamos ter o “encargo” do tal um milhão que aceitaramos pagar ao Neto”.
Transferência gorada
Sucede que, argumenta o SC Braga, “a expectativa do jogador ser transferido saiu gorada. Nem em definitivo nem por 17 milhões. No último dia do período de transferências, a Lazio aceitou um empréstimo por dois anos pago, com objetivos, e uma obrigação de compra para 2019/2020 condicionada ao facto de estarem na primeira liga italiana”.
“Ou seja, o jogador não saiu em definitivo nem o SC Braga teve garantidos os 17 milhões, e, por isso, entende que o milhão ilíquido não lhe é devido. Acresce que, o atleta também não esteve ao serviço do SC Braga, esteve na Lazio, logo, os 200 mil líquidos não lhe são devidos”, afirma o Braga, realçando, ainda, que, em 2017, aquando do empréstimo, e antes da assinatura, “a Direção deixou claro que não ia pagar o milhão ilíquido nem os 200 mil líquidos porque não estavam cumpridos os pressupostos”.
Foi ganhar mais
E, prosseguindo, acentua o clube: “a expetativa salarial dele foi satisfeita uma vez que aqui ganhava 150 mil ilíquidos e na Lazio passou a receber mais de meio milhão ilíquidos. Por isso, a razão de ser do bónus de 200 mil líquidos desapareceu. Ele foi ganhar mais do que ganhava aqui entre salário e este bónus”.
A concluir, a coletividade minhota assinala que o jogador reclama um milhão a título principal porque diz que na verdade foi transferido em definitivo em Agosto de 2017; subsidiariamente pede os 200 mil líquidos.
“A nosso ver o pedido quanto a exigência de um milhão está destinada a ser rejeitada. Os seus pressupostos não foram cumpridos: se ele não saiu em definitivo até 31 de Agosto de 2017 não há dúvidas de que o valor não é devido. O de 200 mil também lhe não é devido uma vez que não esteve ao serviço do SC Braga, para além de que a razão de ser deste valor foi salvaguardada no contrato dele com a Lazio porque viu a sua expetativa salarial satisfeita”.