Nos últimos tempos, seixos pintados com desenhos ou mensagens na praia de Cepães, em Esposende, têm atraído a atenção de quem tem passado no local. E têm sido muitos os admiradores daquela arte que têm partilhado fotografias nas redes sociais. A discreta assinatura “PGP” nas pedras é de Pedro Gomes Pato, artista de Barcelos, que através da arte transmite a sua preocupação ambiental.
“Fiz aquilo com o intuito de passar uma mensagem”, começa por contar a O MINHO. “Sou interventivo. Nada me passa ao lado: os problemas sociais, os problemas ambientais. E acho que, conforme vou ficando mais velho, mais consciência consigo ter das coisas. Não sou extremista ou ambientalista radical, o que eu quero é minimizar o meu impacto cá na terra. Não consigo evitar ver um plástico na praia e não o apanhar, porque sei que quando vier a maré o vai levar para o mar”, acrescenta.
Pedro Gomes Pato é pintor e, desde 2014, tatuador, com loja na Rua Tenente Valadim, em Barcelos. Artista polivalente, é também baterista e um veterano da cena rock barcelense, onde integrou bandas como Urbanus e Barulhos do Cheiro. Neste momento, está a trabalhar num projeto a solo caseiro em que toca baixo. “Como gosto de escrever poesia, faço letras e ando a compor uns temas que, um dia, espero ter uns amigos para me acompanha”, revela em conversa com O MINHO.
Relativamente aos seixos pintados, que têm causado sensação, o artista conta que tem “muito o hábito de ir à praia refletir”, sobretudo praias “mais isoladas” e com “muita pedra”, como é Cepães. E então surgiu a ideia: “Porque não deixar aqui algumas mensagens? Porque, mais não seja para o ano, as pessoas vêm para aqui, isto vai encher e vão começar a vê-las”.
Além das “mensagens mais ambientalistas”, Pedro Gomes Pato também gosta de colocar “poesia” nas pedras. O seu interesse é que quem as encontre reflita e ganhe consciência ambiental.
Também faz desenhos nos seixos, esperando que as pessoas levem para casa e se questionem “quem é o artista”. “Já fui três ou quatro vezes à praia e deixei várias [pedras pintadas]. Os desenhos as pessoas vão levar, as mensagens as pessoas vão ler”, aponta.
“Quando fiz os seixos, fiz para todos. Quem quiser levar, leva. É como o meu espírito me diz. Quero chegar ao próximo verão e que as pessoas tenham lá muita coisa para descobrir. Vai ser engraçado ver as pessoas a tentar encontrar um desenho meu”, antecipa Pedro Gomes Pato, admitindo ter sido “uma surpresa” as muitas reações que os seixos pintados causaram.
Presença assídua na praia de Cepães, Pedro Gomes Pato também dá asas à sua criatividade de outras formas, como na escultura, recriando a figura do pensador com pedras, o que sempre lhe deu um “bom feedback”.
“As pessoas param e tiram fotografias e quando me apanham a fazer dão os parabéns. Nas redes sociais também tinha um bom feedback através das minhas publicações. Gosto de mostrar o que faço”, afirma o multifacetado artista, que nas suas idas à praia também tem o hábito de apanhar lixo. “Já apanhei mais de uma tonelada num ano, sozinho, em passeios de uma hora”.
Em relação aos seixos, assumindo que “não é uma ideia que é exclusiva” sua, pretende continuar a fazer “as pessoas refletirem”. “Vou continuar, porque a minha forma de tentar transmitir as coisas às pessoas é através da arte. Se estou bem ou mal, faço o que sinto”, conclui.