O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e o presidente do Chega, André Ventura, criticaram hoje o programa do Governo que foi entregue na Assembleia da República, considerando o comunista que se trata de um programa de propaganda e de negociatas enquanto o líder da extrema-direita diz que não há “nenhuma ideia inovadora”.
Política das negociatas – Raimundo
“Este é o programa que dá força e que dá suporte a esta política das negociatas e dos golpes para sacar recursos do Estado, que é o mesmo que dizer, ir buscar ao bolso de cada um de nós toda a transferência possível para entregar àqueles que se acham donos do país”, disse Paulo Raimundo, durante o convívio regional da CDU em Estarreja, no distrito de Aveiro.
No seu discurso, o dirigente comunista começou por referir que os resultados eleitorais das legislativas criaram condições para acentuar a política das desigualdades e da exploração e deu como exemplo o programa do Governo, afirmando que, tal como os comunistas tinham avisado, é ”um programa de propaganda, um programa de negócio e das negociatas”.
“É a negociata no Serviço Nacional de Saúde, transferindo tudo para aqueles que fazem da doença um negócio, é a negociata na habitação, mais apoios, mais benesses para a banca, é a negociata em torno das privatizações, com o campo aberto, na TAP, mas não é só na TAP, é tudo o que está”, disse.
Raimundo acusou ainda o Governo liderado por Luís Montenegro de querer dar um golpe nas leis laborais “para precarizar ainda mais, para aumentar as horas de trabalho e para aumentar o tempo de trabalho” e apelou aos partidos da oposição para chumbarem este programa.
“Aqueles que nos acusaram de nos termos precipitado, ainda vão a tempo de dar a mão à palmatória e de, connosco, não permitir que este programa do Governo vá para a frente (…) Não permitiríamos que um programa destes passasse ao lado da Assembleia”, afirmou.
Programa do executivo não tem “nenhuma ideia inovadora” – Ventura
O presidente do Chega também criticou o programa de Governo, considerando que não tem “nenhuma ideia inovadora” e que falta ao executivo ambição e coragem para mudar o que está errado “há tantas décadas”.
“O Programa de Governo hoje apresentado na Assembleia da República não tem, na verdade, nenhuma ideia inovadora a orientá-lo”, escreveu André Ventura numa publicação na rede social X.
O líder do Chega apontou também uma “falta de ambição e de coragem para mudar aquilo que está errado no país há tantas décadas”.
“Precisamos de muito mais”, acrescentou.
O programa do XXV Governo Constitucional, saído das legislativas de 18 de maio ganhas pela coligação AD (PSD/CDS), foi hoje entregue na Assembleia da República pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, e será debatido na terça e na quarta-feira.
O ministro afirmou, após a entrega, que as medidas vertidas no documento são para aplicar ao longo de quatro anos e visam “verdadeiramente transformar o país”.
Carlos Abreu Amorim assegurou também que o Governo vai dialogar com todos os partidos e procurar consensos para realizar o programa.
O documento tem 10 eixos prioritários, comprometendo-se com “uma política de rendimentos que valoriza o trabalho e a poupança, o mérito e a justiça social”, a reforma do Estado ou “criar riqueza, acelerar a economia e aumentar o valor acrescentado”.
As outras prioridades identificadas pelo Governo passam por uma “imigração regulada e humanista”, o funcionamento dos serviços públicos “com qualidade”, uma aposta numa “segurança mais próxima, justiça mais rápida e combate à corrupção”, habitação, construção de novas infraestruturas, o projeto “a água que une” e um “plano de reforço estratégico de investimento de defesa”.