Paredes de Coura inicia em Portugal projeto mundial de valorização do território

O concelho de Paredes de Coura iniciou esta quinta-feira, a nível nacional, um projeto mundial de valorização do território, baseado na remuneração de serviços de ecossistemas cuja metodologia foi testada, na última década, no Brasil.

A associação Portugal Mata Viva abriu  uma sede nacional, em pleno centro daquela vila, e “pretende aplicar à escala global a lógica da remuneração dos serviços de ecossistemas prestados ao mundo pelas zonas com valia ambiental”.

Naquele espaço, inaugurado pelo presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira e o Governador do Estado de Piauí, no Brasil, José Wellington Dias, está instalada “uma plataforma global para negociação e transação de Unidades de Crédito de Sustentabilidade (UCS) e outros produtos ecossistémicos”.

O governador brasileiro sublinhou que “o objetivo deste projeto é cumprir as metas de tratados internacionais, como o acordo do Paris ou os objetivos para o milénio”.

Disse que experiência de 10 anos de implementação no Brasil permitiu “fixar mais pessoas nas zonas rurais e que, agora, começa a ser possível avançar com atividades que convivem bem com a preservação ambiental como a apicultura”.

Em Paredes de Coura, primeiro município do país com um Plano de Paisagem, concluído em 2015, o ponto de partida do projeto, inspirado no conceito dos créditos do carbono, será a Área de Paisagem Protegida do Corno de Bico”.

Em declarações aos jornalistas no final da apresentação daquele projeto, sessão que contou com a presença da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos, o autarca socialista Vítor Paulo Pereira adiantou que a avaliação “de quanto vale o património ambiental” de Paredes de Coura vai começar agora a ser feito, num trabalho que será realizado pelos parceiros científicos do projeto Portugal Mata Viva.

O objetivo é “contabilizar, com o recurso aos métodos científicos de instituições de ensino superior parceiras, a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e os Institutos Politécnico de Coimbra e de Viana do Castelo, e converter em moeda (o crédito floresta) os serviços de ecossistemas produzidos no território de Paredes de Coura”.

“O valor arrecadado reverterá em partes equitativas para o proprietário da terra, para a comunidade e para o sistema de acreditação, podendo ser, a todo o momento, verificada a identidade, georreferenciação e registo fotográfico da propriedade que presta o serviço adquirido”.

Explicou que a plataforma global para negociação e transação de UCS “permite a fiscalização, garantindo que o valor pago é, efetivamente, investido na conservação de uma determinada parcela cujo proprietário fica contratualmente vinculado a cuidar por períodos renováveis de um ano”.

“Os recursos estão cada vez mais escassos e é preciso criar estímulos para que as pessoas preservem. Enquanto europeu não posso exigir às populações da Amazónia que não toquem na floresta para que eu possa respirar um ar limpo e bom. As pessoas que vivem na Amazónia tem de ser compensadas, de forma financeira, porque no fundo estão a prestar um serviço à humanidade”, especificou.

Vítor Paulo Pereira explicou que além da rentabilidade para as populações, o projeto permite ainda fixar as populações, “combatendo a desertificação”.

 
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