“Navalny”, o filme de Daniel Roher dedicado ao opositor russo Alexei Navalny, venceu hoje o Óscar de Melhor Documentário, na 95.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.
Daniel Roher, acompanhado pela equipa e pela mulher de Alexei Navalny, Julia Navalnaya, quando recebeu o Óscar, recordou a condição do prisioneiro que se opõe a Putin e que condena a invasão da Ucrânia, afirmando que “nunca devemos temer fazer frente aos ditadores”.
'My husband is in prison for telling the truth' — Yulia Navalnaya, wife of imprisoned Russian opposition leader Alexei Navalny, accepted the Oscar for Best Documentary Feature for 'Navalny' #Oscars pic.twitter.com/qehQjeCPZc
— NowThis Impact (@nowthisimpact) March 13, 2023
Julia Navalnaya disse que o marido “está preso por defender a democracia e por sonhar a liberdade” e o dia em que a Rússia será livre.
Roher dedicou o prémio a Navalny e “a todos os presos políticos” do mundo.
O documentário segue a história de Alexei Navalny, quando foi hospitalizado em estado grave, em agosto de 2020, com suspeita de envenenamento, durante um voo da cidade siberiana de Tomsk para Moscovo.
BEST DOCUMENTARY FEATURE
Congratulations to team NAVALNY for winning the top nonfiction prize at The #Oscars and thank you to The Academy for helping us share @navalny’s story. pic.twitter.com/CegRpZNFK9— NAVALNY (@NavalnyDoc) March 13, 2023
O avião fez uma aterragem de emergência em Omsk, na Sibéria, devido ao agravamento do seu estado de saúde. Dois dias depois, as autoridades russas autorizaram a sua transferência para a Alemanha, onde foi tratado na clínica universitária Charité de Berlim, durante 32 dias, por envenenamento por agentes neurotóxicos.
Após ter passado algum tempo na Alemanha, regressou à Rússia em janeiro de 2021, mas foi detido ao chegar a Moscovo. O advogado e político, cujo nome Putin evita pronunciar, cumpre atualmente uma pena de nove anos de prisão por uma alegada fraude.
Na passada sexta-feira, o Conselho da Europa renovou o apelo à Rússia para que liberte Alexei Navalny e acate as decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos relacionadas com o caso.
Os outros candidatos a Melhor Documentário eram “All That Breathes”, de Shaunak Sen, “Toda a Beleza e a Carnificina”, de Laura Poitras, sobre Nan Golding (que venceu o Leão de Ouro de Veneza no ano passado), “Fire of Love”, de Sara Dosa, e “A House Made of Splinters”, de Simon Lereng Wilmont.
O Óscar de Melhor Curta-Metragem foi para “An Irish Goodbye”, de Tom Berkeley e Ross White.
O filme alemão “A Oeste Nada de Novo”, também candidato a Melhor Filme Internacional, venceu o Óscar de Melhor Fotografia.
O Óscar de Melhor Caracterização foi para “A Baleia” e o de Melhor Guarda-Roupa para “Black Panther: Wakanda Para Sempre”.
Os Óscares celebram esta noite a 95.ª edição, no Dolby Theatre, em Los Angeles, numa cerimónia em que “Ice Merchants”, do português João Gonzalez, está também nomeado para Melhor Curta-Metragem de Animação.
“Ice Merchants” é o primeiro filme português nomeado para os Óscares de Hollywood.
Este ano, “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, uma produção independente de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, lidera a corrida, com 11 nomeações, congregando as de Melhor Filme e Realização, assim como as categorias de representação.
Para o Óscar de Melhor Filme, estão também nomeados “Os Espíritos de Inisherin” (Martin McDonagh), “Os Fablemans” (Steven Spielberg), “Tár” (Todd Field), “A Oeste Nada de Novo” (Edward Berger), “Top Gun: Maverick” (Joseph Kosinski), “Elvis” (Baz Luhrmann), “Avatar: O Caminho da Água” (James Cameron), “A Voz das Mulheres” (Sarah Polley) e “Triângulo da Tristeza” (Ruben Ostlund).