Os 13 monumentos naturais do geoparque de Viana

Geoparque Litoral de Viana do Castelo

Um cemitério de praias, um penedo onde vários jovens da freguesia foram concebidos ou vestígios do maior centro salineiro do Minho são alguns dos 13 geossítios do Geoparque Litoral de Viana do Castelo classificados como Monumento Natural Local.

Com uma área de 320 km2 e 36 geossítios inventariados, entre os quais os 13 monumentos naturais, o Geoparque foi agora premiado pela preservação do património geológico local através da classificação destes 13 geossítios como Monumento Natural Local, bem como as iniciativas de valorização desenvolvidas no âmbito do projeto Geoparque Litoral de Viana do Castelo.

Desde 2017 que a Câmara de Viana do Castelo anunciou que pretende candidatar este geoparque como património natural da UNESCO, mas tal ainda não sucedeu.

De seguida, uma lista com os 13 geossítios assinalados pela organização do prémio.

Alcantilado de Montedor

Começamos por um “cemitério de praias antigas”. O Alcantilado de Montedor é prova de choques entre continentes, ocorridos nos últimos 400 mil anos, que resultaram em aspetos geológicos de grande interesse e beleza, como os carreamentos, os dobramentos ou as paragéneses mineralógicas, que hoje saltam à vista.

Alcantilado de Montedor
Alcantilado de Montedor

O Monumento Natural do Alcantilado de Montedor estende-se por 55 hectares, é delimitado a norte pelo Forte do Paçô e a sul pela Praia da Câmboa do Marinheiro. Possui ainda pias salineiras e insculturações de idade pré-romana.

Alcantilado de Montedor
Alcantilado de Montedor
Alcantilado de Montedorr. Foto: Percursos do Homem e do Garrano

Pedras Ruivas

As Pedras Ruivas são outro geosítio de bastante interesse, junto ao mar, em Viana. De acordo com a pesquisa do biólogo R. Carvalhido, alguns dos vestígios mostram uma praia interglaciar que existiu há cerca de 125 mil anos) e é possível ver os sedimentos de uma antiga lagoa que perdurou na paisagem por cerca de 7 mil anos (de há 18.000 a 11.000 anos), alimentada das águas de fusão primaveril das neves das encostas locais.

Relíquias de Pedras Ruivas. Foto: DR

Canto Marinho

Segundo as pesquisas do mesmo investigador, citadas no portal do Geoparque Litoral de Viana do Castelo, na área do Canto Marinho ocorrem mais de 700 pias salineiras cuja importância é arqueológica mas também geológica, ocorrendo blocos de granito em bola que “constituem um excelente exemplo de um dos mecanismos de instalação magmática regional, nomeadamente a migração pervasiva (difusa) de magma”.

Canto Marinho. Foto: DR

Ribeira de Anha

A praia de Ribeira de Anha mostra vestígios de uma outra praia, com 125 mil anos, que era constituída por seixos.

Segundo os responsáveis pelo Geoparque, “este depósito é, até ao momento, registo sedimentar único do Eemiano na costa de Viana do Castelo, surgindo também a norte do rio Lima, no setor costeiro da Gelfa-Forte do Cão (concelho de Caminha)”.

Ribeira de Anha. Foto: DR

Ínsuas do Lima

A história das Ínsuas do Lima atravessa vários concelhos e um largo território, sendo uma marca das falhas sísmicas ocorridas no rio Lima. A nível histórico, ali existiu um sistema de salinas que constituiu o maior centro salineiro do litoral do Minho, estabelecido numa área deprimida a cota média pouco acima do nível do mar.

Insuas do Lima.
Insuas do Lima.
Insuas do Lima

O local mostra indícios das falhas do troço vestibular do Lima, associadas às zonas húmidas da Veiga de S. Simão e as Lagoas de Vila Franca, em Ponte de Lima. Também a zona salineira de Darque, em Viana, pertence ao mesmo compartimento teutónico, mas sem tanta importância por ser mais difícil controlar a inundação.

Insuas do Lima. Foto: Percurso do Homem e do Garrano

Pavimentos Graníticos da Gatenha

Nos pavimentos graníticos da Gatenha é possível encontrar uma variedade de espodumena (dos quais um dos principais constituintes é o famoso lítio), com intensidade de cor verde rara, que pode ser utilizada em joalharia.

Pavimentos Graníticos da Gatenha. Foto: DR
Pavimentos Graníticos da Gatenha. Foto: DR
Pavimentos Graníticos da Gatenha. Foto: DR

Verificam-se granitos como o caos de blocos, formação de blocos em bola e escamação em forma de “casca de cebola”.

Cascatas da Ferida Má

Situadas no troço do rio Âncora (leito e margens), entre Montaria e Amonde, já tem por si só grande valor paisagístico, mas também turístico. Em termos geológicos, conserva materiais como xistos e quartzitos de importante valor.

Cascata da Ferida Má. Foto: DR
Cascata da Ferida Má. Foto: Redes sociais

Tem várias cascatas com desnível superior a cinco metros, para além de lagoas.

Turfeiras das Chãs de Arga

Uma planicie de “chãs” que se estende por mais de mil hectares de terreno e onde nasce o rio Âncora.

Chã Grande. Foto: DR

Destacam-se a Chã Grande, o Chão das Sizedas e a Chã de S. João. As depressões formam charnecas e turfeiras, com provável origem periglaciar.

Planalto Granítico das Chãs de Santa Luzia

É o topo aplanado do imponente monte de Santa Luzia, que ‘vigia’ a foz de Viana do Castelo e toda a sua cidade. É constituída a norte pela Chã de Afife, a leste pela Chã da Gurita de Couço e a sul, pelas Chãs de Carreço e de Areosa.

Planalto Granítico das Chãs de Sta. Luzia

Era um dos locais onde mulheres e crianças lavavam as pedras de granito extraídos, numa forma de mineração rudimentar.

Cristas Quartzíticas do Campo Mineiro de Folgadoiro Verdes

Considerada “uma área-chave para observação dos maciços de Santa Luzia, Perre e Arga”, este local é constituído pelo Campo Mineiro de Folgadoiro-Verdes e a Mina de Cassiterite do Rexisco.

Cristas Quartzíticas do Campo Mineiro de Folgadoiro Verdes
Cristas Quartzíticas do Campo Mineiro de Folgadoiro Verdes
Cristas Quartzíticas do Campo Mineiro de Folgadoiro Verdes
Cristas Quartzíticas do Campo Mineiro de Folgadoiro Verdes

Segundo os responsáveis pelo Geoparque, “são galerias de invulgar beleza, um exemplo de património mineiro raro e em excelente estado de conservação, que urge classificar e reabilitar para uso científico, turístico e educativo”.

Cascatas do Poço Negro

Várias quedas de água situadas na Ribeira do Pêgo formam o Poço Negro, um local bastante visitado no verão por turistas, mas também muito importante em termos geológicos.

Cascatas do Poço Negro
Cascatas do Poço Negro
Cascatas do Poço Negro

Para os biólogos do Geoparque, a acentuada descida da temperatura média da Terra que ocorreu há cerca de 2,5 milhões de anos está na origem da formação destas cascatas. Com o frio, a água ficou retida em maior quantidade sob forma de gelo nas montanhas, havendo uma descida do nível do mar. Essa descida contribuiu em muito para a origem do Poço Negro.

Penedo Furado do Monte da Meadela

Situado na encosta da serra de Santa Luzia, em Meadela, a atração principal deste geossítio é um penedo, em forma de paralelo, com o interior furado, onde está cravado o que parece ser um favo.

Penedo Furado

É, também, um local onde muitos habitantes de Meadela foram concebidos, isto de acordo com a bibliografia disponível no portal do geoparque. De lá, é possível observar com clareza outro geosítio classificado, as insuas do rio Lima.

Dunas Trepadoras do Faro de Anha

Estas dunas encontram-se a uma cota bastante elevada em relação ao nível do mar, o que fazem delas uma área a ter em conta. As areias dunares foram depositadas no culminar da crise climática da Pequena Idade do Gelo.

Dunas

Segundo o portal do Geoparque, a base da unidade das Areias de Galeão 5 (primeiros 20 cm) conserva clastos de granito de grão médio a fino, de duas micas e biotítico, subangulosos.

 
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