Obra de Artur Pastor sobre Portugal rural reunida em livro

Fotografou a Feira de Barcelos
Foto: Artur Pastor / Arquivo Municipal de Lisboa

A obra de Artur Pastor (1922-1999), considerado um dos mais notáveis fotógrafos portugueses do século XX, e autor do mais importante acervo de imagens do Portugal rural dos anos 1940-1990, acaba de ser reunida em livro.

Como O MINHO já deu conta, Artur Pastor fotografou, nos anos 50, todo o esplendor da feira de Barcelos, uma das maiores e mais antigas do país.

Depois de ter sido alvo de uma grande exposição retrospetiva, em 2014, em Lisboa, que deu origem a um catálogo digital, uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), através do Arquivo Municipal de Lisboa, deu origem a esta coedição em papel na área da fotografia.

Com direção e coordenação executiva de Isabel Corda, o livro conta com textos de Ana Saraiva, António Araújo, Artur Pastor, Cristiana Bastos, Isabel Corda, Luís Pavão, Marcos Fernandes e Maria Carlos Raditch, num total de 205 páginas onde cabem dezenas de imagens do autor de um vasto repositório de imagens históricas do país rural.

Na qualidade de técnico ao serviço do Ministério da Agricultura, Artur Pastor percorreu todo o território, pelo que o conjunto da sua obra cobre Portugal continental e ilhas, num retrato considerado “absolutamente único do país e do seu povo”, sublinha uma nota de imprensa da fundação sobre o lançamento do livro.

Ao longo dos anos, primeiro como amador e, depois, como técnico do ministério, Pastor cartografou o território de norte a sul, percorreu e captou o perfil do seu litoral, interior e as ilhas, conheceu de perto as gentes que trabalhavam na faina do mar e no amanho dos campos.

“Fê-lo com um afinco e um desvelo tais que só são explicáveis por um profundo amor a Portugal e ao seu povo”, salienta o texto sobre o catálogo, recordando que o autor descreveu de forma poética o copejo do atum ao largo do Algarve, objeto dos seus primeiros trabalhos, datados de 1943 a 1945, e realizados aos 20 anos, quando cumpria o serviço militar em Tavira.

“Já corpos velozes tingem o mar de aparições súbitas, para logo se refugiarem amedrontados no fundo da rede”, foi desta forma que Artur Pastor descreveu uma atividade que interessou a muitos artistas e escritores ao longo dos tempos.

Em vida, Artur Pastor publicou dois livros, um sobre a Nazaré (1958) e outro sobre o Algarve (1965), há muito esgotados e atualmente considerados raridades bibliográficas, mas grande parte do seu espólio já tratado é passível de consulta em acesso aberto. Há ainda um documentário produzido em 2014, “A paisagem de Artur Pastor”, além da informação e imagens no sítio ´online´ https://arturpastor.tumblr.com/.

O acervo deixado por Artur Pastor, composto por milhares de negativos com imagens de caráter documental e artístico, ficou preservado num fundo com importância do ponto de vista histórico, sociológico e etnográfico.

A CML adquiriu em 2001 o espólio de Artur Pastor, que é, desde essa data, um dos mais requisitados de todos os acervos do Arquivo Municipal de Lisboa, seja para reprodução de imagens, seja para a realização de exposições em vários pontos do país, tendo passado, nomeadamente, pela Nazaré, Alter do Chão, Beja, Évora, Braga, Tavira, Albufeira, Sesimbra, entre outros, em Portugal, e recentemente em Lublin, na Polónia.

 
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