Declarações dos treinadores após o Vitória SC – FC Porto (0-1), jogo da 29.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Guimarães:
Pepa (treinador do Vitória SC): “Foi um jogo muito intenso, apaixonante, com duas equipas muito competentes. Também sabíamos da pressão forte que iria surgir do lado contrário. Tivemos alguma dificuldade [no início], mas também tivemos paciência, porque o jogo tinha 90 minutos. Depois começámos a ter bola. Nos nossos melhores momentos, faltou-nos agredir a baliza do FC Porto. Tudo fizemos para conseguir outro resultado. Não tirámos daqui nada em termos de pontos, mas, na sexta-feira [com o Paços de Ferreira], queremos voltar a ganhar.
A segunda parte tem dois momentos marcantes. Entrámos bem, ‘encostando’ o FC Porto atrás. Faltaram-nos aquelas oportunidades claras, mas estávamos por cima em termos territoriais. O [segundo] penálti surgiu muito contra a corrente do jogo, mas o Varela conseguiu-o defender. Depois há a expulsão do Oscar quando ele já estava em esforço. Mesmo assim, tentámos tudo e obrigámos o FC Porto a colocar três centrais. Chegámos a uma altura em que, mais importante do que a exibição, é o resultado. O FC Porto jogou para ser campeão e nós para conseguirmos o nosso objetivo.
Não devemos confundir nervosismo com ‘paixão’. Sou apaixonado pelo treino e pelo jogo. Foi um jogo difícil para as três equipas. O FC Porto encontrou um Vitória forte e competente. [Quanto à análise da arbitragem], o Oscar [Estupiñán] foi expulso em esforço. Quanto aos penáltis, mais do que culpa do Varela, mérito do Taremi, que os ganhou bem, em dois lances duvidosos.
Nesta casa, o objetivo é sempre olhar para a frente. O objetivo é as competições europeias. Temos de olhar para nós, porque, se olharmos para trás ou para o lado, vamos ‘cair’. O resultado não foi o que queríamos, e admito que o FC Porto teve as melhores oportunidades, mas fizemos tudo. Restam-nos cinco finais para conseguir o objetivo. Temos de meter ‘o pé na chapa’ até ao fim.
O Ibra [Bamba] é mais um jovem entre muitos que estão a ser lançados e que hoje se estreou. Se calhar a nossa equipa B fica mais fragilizada, mas tiramos proveito do trabalho fantástico do [treinador] Moreno na formação. O Maga foi muito competente na estreia, com o SC Braga, o Ibrahima [Bamba] foi muito competente hoje. Não lançamos miúdos para a ‘fogueira’. Eles estão preparados.
Nunca tinha visto [uma invasão de campo num jogo em que treinou]. A minha reação foi imediata. Foi por instinto para tentar separar quando vi [um espetador] a tentar agredir [um dos jogadores do Vitória]”.
Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “Temos essas finais. Temos de pensar já no próximo jogo, contra o Portimonense. Temos de estar concentrados no próximo jogo. Estamos contentes pelo percurso [realizado], mas falta o mais difícil, que é a parte final [do campeonato].
Isso era de esperar [um jogo intenso]. São duas equipas competitivas. Sabíamos da qualidade da equipa do Vitória e da sua equipa técnica, e também que íamos encontrar um ambiente forte com adeptos ‘apaixonados’. Foi um jogo difícil, mas fomos um justíssimo vencedor. Criámos quatro ocasiões claras na primeira parte. Foi a mesma coisa na segunda parte. Se fôssemos eficazes, não teríamos de suportar o ‘pressing’ final do Vitória, o que é perfeitamente normal, embora não me lembre de uma ocasião clara do Vitória. Poderíamos ter acabado o jogo com outros números.
Todos os jogadores cumpriram a missão. Houve momentos melhores e outros não tão bons. No geral, a vontade de fazer bem estava lá. Procurei dar alguma proteção ao Grujic, com o Fábio Vieira, o Vitinha e o Otávio quase num ‘losango’ [a meio-campo], para termos os alas mais altos. Correu bem. Gostei muito da primeira parte. Na segunda parte, demos mais bola ao Vitória. O Pepa mudou um pouco a organização e tivemos alguma dificuldade. Pedi aos nossos alas para acompanhar as subidas do Vitória, o que eu não queria. A segunda parte não foi tão conseguida como a primeira.
É nestes momentos [de liderança] que deveremos estar desconfiados e alerta. Os campeões são aqueles que, nos momentos bons, continuam desconfiados ao máximo. Isso é percetível no que os jogadores nos dão nos jogos, principalmente nos treinos. Não temos nada ganho. Há este recorde [de 57 jogos consecutivos sem derrotas para a I Liga]] que tem significado, mas só se, no final da época, ganharmos o campeonato.
[Sobre Taremi ter ido falar com o banco de suplentes]. Ele teve dúvidas em bater o penálti, e eu achei estranho. Disse que seria o Fábio Vieira a marcar, mas também não se sentia confiante. O Taremi falhou e depois saiu para descansar”.