Neste Artigo
- Moradores deram por ela
- Era o homem mais procurado em todo o país
- PJ do Porto participou na autópsia
- Noite Branca e Gangue de Valbom
- Namorada fugiu com medo de represálias
- Foi alvo de extorsão numa discoteca
- Foi torturado quando ia para uma casa de alterne
- Julgado por ligações ao maior traficante de droga
- Só foi condenado uma vez, por tráfico de droga
- Pode ter sido executado “para dar o exemplo”
A autópsia a “Pirinhos”, encontrado morto no domingo, dentro da mala de um carro, em Braga, foi considerada “inconclusiva”, findas as perícias, ao final da tarde desta terça-feira, realizadas pelo Gabinete Médico-Legal e Forense do Cávado, em Braga.
Mas confirmou-se tratar-se a vítima de José Manuel Barbosa Pires, o “Pirinhos”, de 52 anos, nascido em 30 de maio de 1971, na freguesia de Campanhã, da cidade do Porto, comerciante de automóveis, residente na vila de Valbom, em Gondomar.
Tal como O MINHO noticiou, o cadáver de “Pirinhos” foi encontrado num parque de estacionamento improvisado, debaixo do viaduto da Variante Norte, situado entre a Cadeia Regional de Braga e a Central de Camionagem de Braga, em São Vicente.
Moradores deram por ela
O cheiro nauseabundo proveniente de líquidos do corpo em putrefação que saíam da mala do carro branco, de marca e modelo Fiat 500, alugado pelo próprio “Pirinhos”, próximo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, foi o que chamou a atenção.
Os moradores das ruas periféricas, da Abade da Loureira à Francisco de Noronha, passando pela do Anel da Cintura, viam tal automóvel estacionado sempre no mesmo local, pelo menos há duas semanas, mas inicialmente não estranharam nada anormal.
Alertada, a PSP de Braga confirmou pela matrícula ser o automóvel alugado por José Pires, tendo acionado logo a Companhia de Bombeiros Sapadores de Braga, que com uma operação de desencarceramento, tirou o cadáver, mas sem eliminar vestígios.
A delicadeza da operação dos bombeiros sapadores bracarenses, sem causar danos colaterais, isto é, sem danificar o cadáver, a par da colaboração da PSP de Braga, que preservou o local do crime e deu todo o apoio à PJ, poderão ser decisivas no caso.
Era o homem mais procurado em todo o país
Afinal, o cadáver do homem mais procurado em todo o país, estava incógnito num espaço insalubre, onde costumam passar a noite não só sem-abrigo, como homens que ali se refugiam, quando proibidos de entrar em casa, devido a violência doméstica.
Desde que o célebre “Canelas” foi internado num lar, a sua roulotte viria a ser retirada debaixo do mesmo viaduto, mas do outro lado da Rua Abade da Loureira, um local conhecido para encontros amorosos fugazes e consumo de estupefacientes.
PJ do Porto participou na autópsia
As perícias médico-legais tiveram a participação de inspetores da Secção Regional de Combate ao Terrorismo e Banditismo, a unidade de elite da Diretoria do Norte da PJ, sediada no Porto, que investiga os crimes mais graves contra a vida e a sociedade.
Os inspetores e peritos da PJ do Porto saíram ao final da tarde da Casa Mortuária do Hospital Central de Braga, já com os haveres da vítima, incorporados no processo, decretado já “segredo de justiça”, pelo Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
Noite Branca e Gangue de Valbom
“Pirinhos”, que tinha um stand de automóveis, em Paredes, da zona do Vale do Sousa, no distrito do Porto, está conotado com o submundo da noite do Grande Porto, ligado a casos como a “Noite Branca”, com ligações também ao “Gangue de Valbom”.
Trata-se de um caso de “puro banditismo”, segundo apurou O MINHO, pelo que apesar do último ato criminoso ter decorrido em Braga, com o abandono do automóvel alugado pela vítima, continuará a ser a PJ do Porto e não a PJ de Braga a investigar.
“Neste momento a Polícia Judiciária tem os melhores investigadores e todos os meios disponíveis no terreno a investigar esse crime e envolvendo várias equipas em simultâneo”, conforme referiram esta terça-feira a O MINHO fontes daquela instituição.
Namorada fugiu com medo de represálias
José Pires tinha atualmente uma namorada, de nacionalidade brasileira, Carine Cardozo, que fugiu do Porto, alegadamente por medo de eventuais represálias, após protagonizar uma acesa cena de ciúmes, no Porto, com outra mulher ao lado de “Pirinhos”.
Foi alvo de extorsão numa discoteca
Em 2007, José Pires terá sido alvo de extorsão, numa discoteca, em Matosinhos, o que terá desencadeado a luta sem quartel pelo controlo da segurança privada ilegal nas casas noturnas do Porto, levando depois à operação Noite Branca, da PJ do Porto.
Foi torturado quando ia para uma casa de alterne
Dois anos depois, já em 2009, quando se dirigia para uma casa de alterne, nos arredores de Vigo, José Pires foi alvo de uma emboscada, tendo sido torturado, enquanto era conduzido para Vidago, deixando-o ficar então enterrado quase até ao pescoço.
Julgado por ligações ao maior traficante de droga
Entretanto, no início desta década, “Pirinhos” foi julgado, em Lisboa, por ligações com o maior narcotraficante português Franklim Lobo, devido a narcotráfico, tendo sido absolvido, em 2021, assim como saiu absolvido, já aquando da repetição parcial do mesmo julgamento, em Lisboa.
Só foi condenado uma vez, por tráfico de droga
No currículo policial de “Pirinhos” consta apenas uma condenação, em pena suspensa, por tráfico de droga, tendo passado ao lado de grandes processos, onde só surgia como testemunha ou vítima, mas desta vez terá sido vítima de um “ajuste de contas”.
Pode ter sido executado “para dar o exemplo”
A tese dominante nos meios policiais é que a versão de eventuais motivações passionais no sequestro e assassínio de “Pirinhos” não passará de mera “contrainformação”, pois terá sido executado “para dar o exemplo”, na sequência de eventual “banhada”.