O ministro da Defesa disse hoje que o investimento do Governo nas Forças Armadas é feito “a pensar na paz” mas reconheceu a necessidade de, em caso de guerra, disporem dos melhores meios e equipamentos.
No Regimento de Cavalaria n.º 6, em Braga, onde presidiu à sessão de abertura da edição deste ano do Dia da Defesa Nacional, Nuno Melo foi questionando pelos jornalistas sobre as declarações da vice-secretária-geral da NATO, que defendeu que os aliados da Aliança Atlântica “têm de mudar e passar a ter um pensamento de guerra”.
“Eu mantenho um pensamento de paz e é para isso que trabalhamos todos os dias. Quando investimos nas Forças Armadas (FA) é a pensar na paz. E é a pensar na paz, naquilo que tem que ver com mecanismos de dissuasão e defesa, mas também com a necessidade de as Forças Armadas, todos os dias, poderem cumprir missões onde são insubstituíveis, dentro e fora de fronteiras”, afirmou o ministro da Defesa.
Quando o Governo investe nas FA, segundo Nuno Melo, pensa também nas missões de busca e salvamento, nas ações de combate ao tráfico de droga e de pessoas, no transporte de órgãos para transplante, no apoio à emergência médica nos Açores e na Madeira e pensa ainda nas missões de paz em que os militares portugueses estão empenhados no âmbito da NATO, da ONU, da União Europeia ou da Frontex.
“Não invalida, mas, eu diria, não invertendo a ordem de prioridades, [pensar] na necessidade das Forças Armadas, em caso de guerra, terem os melhores equipamentos, os melhores meios para poderem levar a cabo essas missões e defender-se, sendo por seu lado eficazes. E esse é um grande esforço”, vincou o ministro da Defesa Nacional.
Confrontado com o contexto internacional, nomeadamente com a tomada de posse, dentro de dias, de Donald Trump como presidente dos EUA e o facto de este defender mais investimento na Defesa por parte dos membros da NATO, Nuno Melo reiterou a ideia da paz.
“Nenhum militar, nenhum ministro da Defesa, nenhum Governo lúcido deseja outra coisa que não seja a paz. Portanto, qualquer investimento e qualquer mensagem são sempre a pensar na paz. Quando se investe é a pensar na paz. E é nisso que Portugal está à altura das suas circunstâncias. Como? Antecipando num ano o propósito de investimento de 2% na Defesa Nacional. E faremos um grande esforço”, declarou o governante.
Nuno Melo destacou que esse “esforço” do Governo permitiu aumentar salários e suplementos de militares, no sentido de atrair mais jovens e de manter os militares nas FA, salientando estar também em curso investimentos na requalificação de edifícios das FA, sobretudo em Lisboa e no Porto, que estão devolutos, para uso de militares.
Além disso, o Governo está também “a investir muito” nas indústrias da defesa, em investigação, em tecnologia e na criação de “todo um quadro em que as Forças Armadas (FA) sejam lidas como estando na primeira linha das prioridades da política”.
“A mensagem que quero deixar é: estamos a investir para estarmos à altura das nossas circunstâncias no contexto dos nossos aliados, dando também uma mensagem aos nossos jovens para que percebam que vale a pena apostar nas Forças Armadas”, sublinhou o ministro da Defesa.
O modelo de profissionalização que o atual Governo adotou permitiu estancar e inverter o ciclo de saídas das Forças Armadas, disse.
“O poder político definiu as necessidades militares em cerca de 30, 32 mil homens e mulheres. Quando tomamos posse, existiam apenas 22 mil militares nas Forças Armadas. Em oito anos Portugal tinha perdido mais de 5 mil militares. Nós entramos no Governo a investir decididamente nas Forças Armadas e esse ciclo inverteu-se. Neste momento estão a entrar mais jovens nas Forças Armadas do que a sair”, revelou Nuno Melo.