Novo protesto contra Bolsonaro em Braga

Na Praça da República

Um novo protesto contra Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, vai acontecer este sábado em Braga, pelas 18:00, confirmou a O MINHO um membro da organização. Os manifestantes pedem a destituição do político, que tomou posse em janeiro de 2019.

Este vai ser a segunda manifestação em apenas duas semanas. A concentração anterior tinha como objetivo “denunciar a condução criminosa da pandemia” feita por Bolsonaro no Brasil, que acusam de ser responsável por milhares de mortes, mas também o crescimento da fome e do desemprego e o agravamento da crise económica. Outros protestos também estão marcados em cidades como Lisboa, Aveiro e Coimbra.

No último dia 19, dezenas de pessoas se uniram no mesmo local, na Praça da República, para manifestar com cartazes que podia ler-se “O povo quer Lula de volta”, do Partido dos Trabalhadores (PT)”, “Fora Bolsonaro”, além de gritos como “Se o povo se unir, Bolsonaro vai cair” e “Em Portugal e no Brasil, sempre em defesa dos valores de Abril”.

Naquela ocasião, um dos manifestantes era o ator Bemvindo Sequeira, conhecido em Portugal principalmente pelo trabalho na novela Tieta, em que interpretou a personagem “Bafo de Bode”. O artista vive em Braga e é militante contra Bolsonaro.

“Gosto muito do vosso Presidente (Marcelo Rebelo de Sousa), é equilibrado e representa todos os portugueses, é sensato e muito hábil, na minha opinião. É totalmente o contrário do nosso Presidente, que é um quadrúpede que não governa, apenas sabe criar sobressaltos. É horroroso”, disse Bemvindo a O MINHO em entrevista concedida na semana passada.

Cartaz do protesto em Braga. Foto: Divulgação

Para este sábado, os protestos juntam-se aos movimentos que vão acontecer em centenas de cidade no Brasil e também em outros países, e acontecem na sequência do “super pedido” de destituição de Jair Bolsonaro, que chegou à Câmara dos Deputados, através de partidos políticos brasileiros, parlamentares da oposição, ex-aliados, movimentos sociais e entidades da sociedade civil.

A apresentação do “super pedido” contou com discursos de líderes da oposição, como da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann, e de adversários políticos de Jair Bolsonaro, como os deputados Kim Kataguiri e Joice Hasselmann, ambos ex-aliados do chefe de Estado.

O documento, entregue num momento em que o Governo é atingido por denúncias de alegada corrupção na compra de vacinas contra a covid-19, consolida argumentos já apresentados nos mais de 120 pedidos de destituição contra Bolsonaro já apresentados à Câmara dos Deputados.

As recentes suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana contra a covid-19 Covaxin são citadas no pedido.

Bemvindo Sequeira participou no protesto do último dia 19 de junho. Foto: DR
Manifestantes no último dia 19 de junho no centro de Braga. Foto: DR

No documento constam ainda acusações de Bolsonaro cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira; de atentar contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário e dos Poderes constitucionais dos Estados; de cometer crime contra a segurança nacional, ao endossar manifestações que conclamavam a intervenção militar ou encerramento do Congresso do Supremo.

O texto aponta também interferência indevida na Polícia Federal para a defesa de interesses pessoais e familiares; de agravar a pandemia com práticas negacionistas e agressões ao direito à saúde, entre outros.

O Presidente brasileiro afirmou ontem que “mentiras” não irão derrubá-lo do poder e classificou de “bandidos” senadores que investigam falhas na gestão da pandemia de covid-19, num momento em que o seu Governo é atingido por denúncias de corrupção.

Jair Bolsonaro. Foto: DR / Arquivo

“Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com a CPI [comissão parlamentar de inquérito do Senado], integrada por sete bandidos, que vão nos tirar daqui”, disse Jair Bolsonaro, referindo-se à ala maioritária da comissão de inquérito, durante um evento em Mato Grosso do Sul.

Entre os signatários do “super pedido” estão também representantes da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) ou do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Cabe agora ao presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, eleito para o cargo com o apoio de Bolsonaro, decidir se aceita ou não o pedido.

 
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