Nova casa mortuária fora do vulgar em Guimarães gera polémica

Muitos habitantes de Vila Nova de Sande gostariam que fosse uma capela comum
Nova casa mortuária fora do vulgar em guimarães gera polémica
Foto: Rui Dias / O MINHO

O formato invulgar da nova casa mortuária de Vila Nova de Sande, em Guimarães, está a gerar controvérsia entre os moradores da freguesia. Alguns adoram, mas muitos detestam a opção arquitetónica.

Uma estrutura oval, em aço oxidado, próxima da igreja paroquial e do cemitério de Vila Nova de Sande, junto à EN 310, chama a atenção de quem passa. O arquiteto Filipe Vilas-Boas foi buscar inspiração ao tatu, um mamífero americano que tem o corpo revestido por uma carapaça feita de escamas sobrepostas. 

“Não gosto, é uma coisa muito diferente para a nossa terra”, defende uma voluntária a trabalhar na loja social da freguesia. “Podiam resolver o problema com um terço do dinheiro”, crítica Alberto Silva que também não gosta da estética. Conceição Oliveira junta-se às críticas: “com menos dinheiro do que gastaram nesta podiam fazer uma capela como deve ser”. Conceição não quer acreditar que o edifício vai ficar com aquele aspeto “enferrujado”. “Não! Aquilo tem que ser areado, não pode ficar assim tudo cheio de ferrugem”, espanta-se.

Duas das objeções mais frequentes são a falta de relação da forma com os edifícios próximos – a igreja e o Centro Paroquial – e os custos de manutenção que poderá acarretar.

A obra começou no anterior mandato autárquico

A casa mortuária é um legado do mandato do anterior presidente da União de Juntas de Freguesia de Sande Vila Nova e Sande São Clemente, eleito pelo PS, Bruno Falcão. O ex-autarca defende a sua obra. “Falta mente aberta a quem critica. Uma capela não tem que ser igual a todas as outras. Dei liberdade ao arquiteto para pensar”, alega Bruno Falcão.

Nova casa mortuária fora do vulgar em guimarães gera polémica
Foto: Rui Dias / O MINHO

Tiago Rodrigues, a atual presidente da União de Freguesias, eleito pela coligação PSD/CDS, num escrutínio que teve que ser repetido por a primeira votação ter resultado num empate, afirma que tem recebido opiniões contraditórias, “uns gostam, outros detestam”. Contudo, para o novo presidente não há dúvida que a obra tem que ser acabada “e posta a funcionar para o fim a que se destina.” 

O projeto está orçamentado em 182 mil euros e beneficiou de um subsídio camarário de 96 mil euros que permitiu avançar até aqui. “Faltam os acabamentos interiores, nomeadamente a parte elétrica e o arranjo urbanístico exterior”, esclarece o presidente da União de Freguesias. Segundo o autarca a Junta não tem meios financeiros para concluir a obra e conta com um novo apoio da Câmara para a parte que falta.

“É importante que o edifício tenha uma narrativa”, Filipe Vilas-Boas, aquiteto

Filipe Vilas-Boas afirma que “há sempre pessoas que não concordam, principalmente quando uma obra é diferenciada”. O arquiteto lembra que “quando o estilo Barroco chegou às igrejas também deu polémica”. Para o arquiteto é importante que o edifício tenha uma “narrativa” e aponta para a necessidade de conhecer a casa mortuária também por dentro. “Há uma entrada de luz, projetada de tal forma que vai incidir sobre o lugar onde fica o defunto”, adianta.

Nova casa mortuária fora do vulgar em guimarães gera polémica
Foto: Rui Dias / O MINHO

Relativamente aos custos de manutenção, Filipe Vilas-Boas tranquiliza os críticos. “A construção em aço corten não implica um aumento dos custos de manutenção, pelo contrário. Aquela oxidação vai proteger o metal, agora leva apenas um verniz para estabilizar. Do ponto de vista térmico o edifício é ótimo, foi revestido com lã de rocha de alta densidade de forma a não aumentar os custos de ventilação e aquecimento”, esclarece.

 

 
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