A muralha medieval de Braga, construída a partir do século XIV, renasce, aqui e ali, em lojas de discos, lojas de roupa e restaurantes, habitações privadas e ruas sinuosas. Exponencia-se no Arco da Porta Nova, apesar de ansiar por ser descoberta, um pouco por todo o centro histórico da cidade.
Comece-se o caminho da muralha, na Arcada, na Praça da República: dois torreões, um na “Urban Store”, outro na “Nata Lisboa”. A torre de Menagem nas traseiras. Isto era o castelo de Braga e a muralha passa por ali.
Desça-se a Rua de São Marcos, do lado do café A Brasileira, com destino à Rua do Anjo, até ao museu Pio XII. Parta-se do largo de São Tiago, junto ao seminário maior, para o largo dos bombeiros voluntários, com destaque para a torre afrontada à biblioteca municipal.
A muralha, visível e palpável, na Rua da Violinha, afirma-se no Arco da Porta Nova, seguindo nas traseiras da Câmara Municipal de Braga, em linha reta, pela rua Dom Frei Caetano Brandão. À direita no largo do Pópulo, precisamente no antigo tribunal de Braga, até à Igreja dos Terceiros, completando o ciclo, novamente, na Arcada.
Este é o perímetro da antiga muralha medieval de Braga, desenhada no mapa de Braunio, em 1584. Por aí se encontram os seus restos, em forma de pedra, mais ou menos, preservada.
“Nem quem é de Braga sabe. É preciso estudar”, afirma a O MINHO, o arqueólogo e diretor da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, Luís Fontes.
“Na rua do Anjo até ao museu Pio XII a muralha está muito bem preservada, no interior de casas particulares e espaços comerciais. O mesmo acontece na rua D. Frei Caetano Brandão.
Acrescenta o professor que na Rua da Violinha, a muralha “está à vista” e “no antigo tribunal de Braga vai ser recuperada”.
“Do tribunal para cima, até à igreja dos terceiros, desapareceu e foi demolida, durante a reconstrução do Campo da Vinha. O mesmo aconteceu com os vestígios no edifício da Nata Lisboa, nos anos 60. As torres foram construídas posteriormente em relação ao resto da muralha e apenas no século XV. A parte sudoeste da muralha é mais antiga e possuí influência romana”, explica.
Reminiscentes de muralha
A loja Tubitek, na Rua de São Marcos, é uma loja de discos, com a muralha medieval à vista. A última parede perpendicular da loja é muralha a descoberto.
Um dos colaboradores afirma que “algumas pessoas de Braga conhecem, mas a maioria dos turistas não”.
“Demorou algum tempo, até ficar pronta, mas valeu a pena. Dá outro encanto à loja”, assegura.
O mesmo acontece com a sapataria contígua e em algumas habitações privadas, por todo o centro histórico da cidade.
“Na casa do meu avô, na rua D. Frei Caetano Brandão, quando ele começou a obra, foi descoberta uma das principais portas da muralha medieval, para a entrada de pessoas no interior da cidade. Ainda hoje lá está”, refere.
Planos de obras no centro histórico de Braga
A generalidade das obras sujeitas a licenciamento camarário no centro histórico de Braga implicam o cumprimento de condicionantes de carácter arqueológico.
Essas são definidas em função da área onde as mesmas decorrem e do tipo de operação urbanística que se pretenda desenvolver.
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Deve assegurar-se o cumprimento do Código Regulamentar do Município de Braga, sem prejuízo do disposto e aplicável no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação e no Regulamento de Trabalhos Arqueológicos.
Segundo o arqueólogo Luís Fontes, “quando o promotor elabora o projeto já se pensa a intervenção arqueológica. No centro histórico de Braga os planos de obras, obrigatoriamente, contemplam a intervenção dos arqueólogos”, finaliza.