O administrador da Recial apontou hoje “dois erros” que originaram o derrame, sexta-feira, de 10 mil litros de óleo num efluente do rio Lima, Viana do Castelo, e garantiu estarem em curso medidas para impedir novos acidentes.
Em causa está a poluição com 1,5 quilómetros de extensão, na última sexta-feira, entre o ponto do derrame, a empresa instalada no parque empresarial de Lanheses e, o rego da Peitilha, que desagua no rio Lima.
Na altura, à Lusa, o administrador da empresa de transformação de sucata em lingotes de alumínio, Rui Pinheiro, justificou o acidente com a rutura da tubagem que conduz o combustível pelo interior da empresa a funcionar há 12 anos naquele parque empresarial.
Hoje, no final de uma reunião com o presidente da Junta de Freguesia de Lanheses, em que participou a vereadora do Ambiente da Câmara de Viana do Castelo, Rui Pinheiro, apontou que na origem do acidente esteve “um erro de conceção do sistema que conduz o combustível, muito próximo da rede de águas pluviais”.
O segundo “erro” prende-se com a “negligência da equipa de manutenção” da empresa que não interveio mais prontamente para travar o derrame.
Rui Pinheiro, disse que “no espaço de uma semana” “já investiu 50 mil euros para tratar o ribeiro”, que “está a ser realizado um estudo para a instalação de sensores junto às bacias de retenção, e que já foi iniciada a separação completa dos sistemas de tubagem do fuel do das águas pluviais”.
“Queremos pôr tudo em pratos limpos e provar que a Recial não tem qualquer influência na qualidade de vida das pessoas”, destacou.
Afirmou também estar a equacionar a substituição de fuel óleo por gás”, e que “a empresa responsável pela primeira intervenção, logo após o derrame, está a fazer o relatório final do acidente.
Segundo o responsável os primeiros estudos realizados detetaram no rego “outro tipo de contaminantes”, como “diluentes” que “nada tem a ver com a atividade da Recial”, considerando “ser expectável” que no parque empresarial “existissem outras formas de controlo” deste tipo de situação.
Outras das conclusões do encontro, que se prolongou por duas horas, foi a necessidade de “monitorização mais amiúde, através de reuniões com uma sequência temporal trimestral ou semestral” da atividade empresarial naquele parque.
Para o presidente da Junta de Lanheses, Filipe Rocha a reunião foi “produtiva”, mas quer “ação enérgica, determinada”, na concretização das medidas acordadas.
“Não estamos tranquilos, aconteceram acidentes que não deviam ter acontecido. Se aconteceram estes, outros podem acontecer (…) Ainda é preciso levar a cabo as ações definidas na reunião. Passar do domínio das palavras e das conversas para a prática e concretização”, afirmou.
Segundo o autarca, a “empresa está disposta” a tomar medidas para “impedir que situações desta natureza se voltem a repetir”.
“Parece-me que há, de facto, vontade, como nunca houve de contribuir para a melhoria das condições de laboração. Agora o risco vai existir sempre e, nós que moramos na freguesia, não aceitamos com facilidade conviver com esse risco, porque não o compramos, não o herdamos, não o queríamos”, sustentou.
Filipe Rocha acrescentou que “desde o início do processo de licenciamento e de implantação da Recial que a comunidade tem consciência que a sua atividade é de risco”.
“Temos um parque empresarial, temos de conviver com ele e temos de exigir a qualquer empresa que lá está, à entidade gestora do parque, aos trabalhadores, seja a quem for os mais altos padrões de qualidade ambiental e de comportamento social, Não podemos de maneira nenhuma transigir nestas questões. Este acidente veio trazer uma nuvem negra”, afirmou.
A vereadora do Ambiente, Fabíola Oliveira, referiu que o “parque está dotado de bacias de retenção”, mas que no caso de acidentes como este acabam não ser suficientes.
“Está planeamento para uma situação normal e, ainda assim acabou por ter algum efeito. A intervenção inicial é poderia ter evitado a situação”, disse.
Fabíola Oliveira referiu que empresas como a Recial, que fazem a renovação da sucata, “são necessárias”, mas “são de risco”.
“Ninguém gosta de ter uma empresa que pode ter este tipo de risco à porta de casa. Os cuidados que a própria empresa tem de ter são ainda maiores e, por isso, a exigência ambiental a que está sujeita bem como a monitorização de alguns parâmetros que tem de ser feitos com regularidades”, sustentou.
A responsável observou que o relatório que está a ser feito, “por implicar a realização de análises, vai permitir perceber se o derrame teve impacto no rio Lima”.