Morreu António Estrada, conceituado advogado de Vila Verde que chorou de alegria no 25 de Abril

Tinha 89 anos
Foto: Delegação de Vila Verde da Ordem dos Advogados

Morreu hoje, aos 89 anos, António Estrada, conceituado advogado de Vila Verde.

A informação foi avançada pela delegação de Vila Verde da Ordem dos Advogados.

“Fica na memória dos vivos o advogado e pessoa que foi na sua passagem terrena”, pode ler-se na nota de pesar.

António Estrada faria 90 anos no próximo dia 22 de outubro.

Ainda não é conhecida a data do funeral.

Comissão de Homenagem aos Democratas de Braga lamenta

A Comissão de Homenagem aos Democratas do distrito de Braga lamentou, hoje, em comunicado, o falecimento do democrata e advogado, António Oliveira Estrada, ocorrido esta manhã em Vila Verde.

O organismo adianta que o advogado e opositor ao Estado Novo, com 89 anos, fora homenageado em duas iniciativas recentemente realizadas em Braga e em Vila Verde. O seu funeral realiza-se na próxima sexta-feira, às 10 horas da manhã, na freguesia de Escariz S. Martinho, Vila Verde, de onde era natural.

Uma breve biografia escrita pelo seu filho Rui Estrada descreve que António de Oliveira Gonçalves Estrada nasceu em Escariz São Martinho, Vila Verde, Braga, em 22 de outubro de 1934.

Licenciou-se em Direito em Coimbra em 1960 e começou a exercer advocacia em 1962, com escritório em Vila Verde.

Homenageado no Tribunal de Vila Verde

Em 2012, cumpridos 50 anos de profissão, foi homenageado, no tribunal da comarca de Vila Verde, pela Ordem dos Advogados na pessoa, à data, do bastonário Marinho e Pinto.

Foi mobilizado, contra a vontade, pelo regime salazarista para a guerra do Ultramar, tendo estado por um período de dois anos em Moçambique, onde foi capitão de uma companhia de soldados. Dizia muitas vezes, aos familiares e amigos, que, tendo passado por essa experiência, pouco ou nada o pode surpreender.

O jurista militou ativamente contra o regime ditatorial do Estado Novo, nomeadamente no âmbito da CEUD, Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, constituída por opositores democratas ao Estado Novo para disputar as eleições legislativas de 1969.

Esse ativismo – salienta – “levou a que a DGS (Direção Geral de Segurança) – que manteve as mesmas funções da infame PIDE – o vigiasse e condicionasse”.

E anota, a propósito: “Em documento datado de 26 de Setembro de 1972, a DGS comunica ao Governador Civil de Braga o seguinte: “Os elementos oposicionistas desse distrito, militantes das duas correntes políticas definidas pelas extintas “CDE” e “CEUD”, respetivamente comunista e socialista, criaram uma comissão comum com vista a estabelecerem uma única linha de orientação política de luta contra o Governo da Nação”.

Nesse mesmo documento aparecem, entre outros, estes opositores: Tinoco Faria, Cunha Coelho, António de Oliveira Estrada, Macedo Varela, José Lestra Gonçalves, e Manuel Ferreira da Cunha.

Chorou de alegria no 25 de Abril

O 25 de Abril apanhou-o quando regressava de um julgamento em Viana Do Castelo. Conta que, tendo ouvido pela rádio o que se estava a passar, parou o carro e chorou de alegria.

Já com a liberdade, foi próximo do Partido Socialista, sem ter exercido qualquer cargo político executivo. A vida profissional de advogado era a escolha e o trabalho.

Entre outras atividades de natureza social, é sócio fundador do Clube Rotário de Vila Verde

Desde a reforma, viveu na aldeia em que nasceu.

 
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