Vídeo: YouTube (2015)
Fontão, freguesia do concelho de Ponte de Lima com cerca de 900 a mil habitantes, apresenta todos os anos aquela que será uma das mais conhecidas festas de Páscoa do país. Que o digam as televisões que, ano após ano, acompanham o almoço que o mordomo da cruz oferece a toda a população e visitantes. Este ano são esperadas 600 pessoas.
Trata-se de uma tradição “muito antiga” e que tem algumas particularidades: “desde a escolha do mordomo, até à adesão de toda a freguesia e terminando, já noite dentro, na segunda-feira de Páscoa” como revelou a O MINHO, o presidente da Junta, Manuel Velho.
O mordomo seguinte é escolhido no almoço de Páscoa. “A ideia é que seja uma surpresa e pode ser qualquer um, mesmo que já tenha sido”, começa por explicar o autarca. “Tenta-se que seja mesmo uma surpresa mas, às vezes, não é possível”. Este ano, coube a José Orlando Fernandes a organização.
Ao escolhido é entregue “o ramo”. Para além do mordomo da Cruz, ‘o principal’, há mais dois, chamados ‘mordomos do Senhor’ que ficam encarregues de organizar a Páscoa seguinte. A tomada de posse só acontece na quarta-feira de cinzas mas depois “é sempre a aviar na angariação de fundos”.
Oito dias antes a toda a freguesia é convidada a participar: “tirando um ou outro emigrante que possa não estar por cá, todas as famílias abrem a porta à cruz”. Segundo Manuel Velho, “é sempre uma grande festa na casa de toda a gente”.
Almoço
O compasso pascal sai às 08:30 de domingo e faz a pausa para o almoço às 13:00. “A tenda [com cerca de 500 metros quadrados] já está montada e temos já 600 pessoas confirmadas mas poderão aparecer mais alguns à última da hora”. É neste repasto que se fica a conhecer o próximo mordomo, que, para além de oferecer o almoço – no ano passado, foram servidos 400 quilos de carne e bacalhau -, ficará responsável por assegurar a limpeza da igreja e os serviços do sacristão.
Pelas 16:00, o compasso volta a sair rumo às casas da Freguesia e não tem uma hora para regressar: “depende sempre da qualidade do vinho que formos encontrando”, diz a rir o presidente da Junta.
Na segunda-feira de Páscoa a cruz visita outra parte da freguesia. “Já houve anos em que
acabamos às 23:30 porque a volta é maior”, revela, também, Manuel Velho.
É no final, já em pleno largo de acesso à Igreja que “os rapazes mais novos da Freguesia pegam nos Mordomos às costas e os levam para a Igreja”.