Moção de Rui Rio quer partido preparado para governar a partir de 2021

“Não se ganha em ano e meio o que se perdeu em década e meia”
Foto: DR

A moção de Rui Rio à presidência do PSD defende que o partido estará “a partir de 2021 em condições reforçadas para governar Portugal”, num texto omisso sobre eleições presidenciais.

Na moção de 32 páginas “Portugal ao Centro”, que foi divulgada no início de janeiro e irá a votos no Congresso, o atual presidente do partido refere-se em detalhe às eleições autárquicas de 2021, lembrando as perdas registadas pelo partido em 2013 e 2017.

“É urgente inverter essa tendência, mas é também indispensável reconhecer que não se ganha em ano e meio o que se perdeu em década e meia”, alerta, defendendo uma “recuperação firme e sustentada” e baseada em apoio a recandidaturas vencedoras e boas escolhas nos municípios onde o partido ficou próximo de ganhar.

A moção defende ainda que o PSD deverá estabelecer compromissos eleitorais “com outras forças políticas, movimentos e grupos de cidadãos independentes” que tenham linhas programáticas convergentes e promete a criação de uma Comissão Autárquica logo após o congresso.

O texto, que desenha a estratégia para um mandato de dois anos, – até ao início de 2022 – nunca se refere às eleições presidenciais de janeiro de 2021, uma opção que Rui Rio explicou ser propositada, já que neste sufrágio” não são os partidos que indicam candidatos, são os candidatos que se propõem e depois os partidos apoiam ou não apoiam”.

“Do ponto de vista tático, se um partido começa a apoiar um candidato por antecipação, se por acaso não se candidata, depois a nossa escolha é sempre uma segunda escolha”, assinalou o líder do PSD, considerando que esta posição respeita o timing de Marcelo Rebelo de Sousa, que já remeteu o anúncio da sua decisão para depois do verão.

Na moção, Rio defende uma nova cultura política, assente na credibilidade e confiança.

“Sendo o PSD o maior partido da oposição exige-se-lhe que assuma uma conduta responsável, colocando os interesses de Portugal acima dos interesses do partido. Portugal primeiro não é um mero slogan”, avisa, considerando que “a política espetáculo não pode ter lugar num partido que aspira a governar Portugal”.

Fazer do combate à corrupção uma das suas bandeiras, reforçar a marca reformista do PSD, continuar a dinamizar o Conselho Estratégico Nacional e valorizar o grupo parlamentar como principal frente de oposição ao Governo são outros dos pilares apontados na moção de Rio.

“Não queremos um grupo monolítico, mas esperamos de cada deputado a lealdade e empenho para um esforço e convergência em torno das opções políticas e estratégicas que vierem a ser aprovadas no próximo Congresso do PSD”, defende a moção.

“Se conseguirmos concretizar com sucesso as linhas estratégicas que acabámos de enunciar, poderemos assumir que a partir de 2021 o PSD estará em condições reforçadas para governar Portugal”, defende o texto, embora admitido que “não valerá a pena entrar em exercícios de adivinhação ou em delírios prospetivos quanto ao cumprimento da legislatura do atual Governo”.

Rio reitera que o partido tem de estar disponível para “sacrificar parcialmente” as suas propostas “em prol de um interesse superior”, embora garanta não confundir compromissos com consensos.

A moção de Rio também se refere à atual situação política, considerando que “o anúncio do fim da austeridade e a aparente reposição de rendimentos foram a maior das ilusões criadas pela maioria de esquerda”, mas que se traduziu na “maior carga fiscal” no “mais reduzido nível de investimento público”, na “degradação dos serviços públicos” e na “depreciação das funções de soberania”.

No texto, PS e o Governo são acusados de se comportarem como se fossem “donos do Estado, distribuindo cargos e empregos por clientelas e parentelas”, e de terem construído “uma poderosa central de informação que lhe permite marcar as agendas dos órgãos de comunicação social”.

Como bloqueios ao desenvolvimento do país, a proposta de estratégia global de Rio identifica o funcionamento do sistema político, a estagnação económica e a demografia, apontando a valorização dos recursos naturais e a degradação dos serviços públicos como desafios.

 
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