A ministra da Saúde, Marta Temido, afirma ter sido surpreendida com a informação nos últimos momentos da audição na Comissão Parlamentar de Saúde sobre o encerramento da urgência de cirurgia pediátrica do Hospital de Braga e que se ia inteirar das respostas que estavam preparadas.
“Vou agora inteirar-me do que está organizado como resposta e o próprio Conselho de Administração do Hospital de Braga e a Administração Regional de Saúde do Norte já deram nota sobre a questão e irão precisar qual será o modo de funcionamento”, afirmou.
A equipa da Saúde foi hoje ouvida, pela primeira vez nesta legislatura, na Comissão Parlamentar de Saúde, numa audição que durou cerca de cinco horas.
Como O MINHO noticiou, o Hospital de Braga vai ficar, a partir de sexta-feira e por tempo indeterminado, sem urgências de cirurgia pediátrica no período noturno.
Em resposta enviada à Lusa, a administração adianta que, no período entre as 20:00 e as 08:00, fica apenas assegurada a observação de crianças já internadas e daquelas que foram submetidas a cirurgia nos últimos 30 dias e que recorram à Urgência por motivo relacionado com essa mesma cirurgia.
No fundo, segundo a administração, no período noturno “os cirurgiões pediátricos apenas assegurarão a prevenção interna”.
“Esta alteração surge da indisponibilidade dos médicos do Serviço de Cirurgia Geral para assegurar as observações a utentes pediátricos no período noturno, tal como sempre aconteceu até hoje, e do facto de o quadro médico do Serviço de Cirurgia Pediátrica ser composto por nove cirurgiões”, explica.
O conselho de administração ressalva que “até ao momento, e apesar dos esforços desenvolvidos, não foi possível encontrar uma solução que permita garantir a continuidade da cobertura no período noturno”, sublinhando que se encontra “a envidar todos os esforços para resolver esta situação”.
Entretanto, não há data marcada para a reabertura das urgências de cirurgia pediátrica no período noturno.
Durante o dia, de segunda a sexta-feira, a cobertura do serviço de cirurgia pediátrica na Urgência mantém-se “com presença física”.
“SNS funciona em rede”
Na audição, a ministra da Saúde sublinhou a importância do funcionamento em rede do Serviço Nacional de Saúde, considerando que o que importa é que os utentes sejam encaminhados e os cuidados prestados com qualidade e segurança.
“O SNS (…) funciona em rede e o que temos de garantir é que as respostas são dadas dentro da rede (…). Bem sei que todos gostaríamos que em todo o lado fossem dadas todas as repostas. No entanto, em determinados momentos do ano, em determinadas especialidades, em determinadas áreas geográficas, pode haver necessidade – e é isso que estamos a enfrentar neste momento – de maior funcionamento em rede com concentração de respostas”, afirmou Marta Temido, quando questionada sobre o caso de Abrantes, onde as grávidas estão a ser encaminhadas para Santarém por causa do encerramento da urgência de obstetrícia.
A ministra, que falava à saída da primeira audição parlamentar regimental desta legislatura da equipa da Saúde, destacou: “Aquilo que temos que garantir é que as respostas são dadas dentro da rede do Serviço Nacional de Saúde”.
“O que temos de garantir é que prestamos os cuidados com qualidade, com segurança, que as pessoas sabem onde se devem dirigir e que os fluxos de utentes são conhecidos e os reencaminhamentos feitos”, afirmou a governante, acrescentando: “É nisso (…) que se está a trabalhar ao nível da coordenação para a resposta na ginecologia e obstetrícia nas urgências e nos blocos de partos e é um trabalho que é feito normalmente pelas ARS com os hospitais. É isso que é o funcionamento em rede do SNS”.
A governante considerou ainda que “o que não é desejável é que haja interrupções imprevistas”, dizendo que isso o Governo está “procurar evitar”.
“É isso que estamos a procura evitar, sabendo exatamente quais são os constrangimentos que vão acontecer até ao final do período onde se concentram muitos períodos de férias e definindo quais os serviços que vão ficar a funcionar, sendo certo que as pessoas serão reencaminhadas e que é necessário que se saiba quais são os reencaminhamentos”, concluiu.