O Ministério Público admitiu inocência e a consequente hipótese de absolvição do anterior presidente dos Bombeiros de Vila Verde, Carlos Braga, no caso da duplicação de faturas de refeições aos operacionais que combatiam fogos florestais, pagas em simultâneo, pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e pela Câmara de Vila Verde, num total de 15 mil euros.
Carlos Braga, de 78 anos, que durante 15 anos foi o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, é suspeito de ter obtido, para a instituição que liderava, o recebimento simultâneo de despesas com refeições, no verão de 2016, um conhecimento que desmentiu, de forma veemente, durante o seu julgamento, no Palácio da Justiça de Vila Verde.
O advogado Reinaldo Veloso Martins, defensor de Carlos Braga, clamou pela inocência e a absolvição total do seu cliente, já que segundo o causídico vilaverdense, “não conhecia o pagamento a duplicar, apenas parcial, aliás, porque a parte em que era o pessoal abastecido no restaurante passava sempre diretamente pelo comando ou seus operacionais, mas nunca pela direção”.
Carlos Braga reiterou que “nunca houve duplicação total do pagamento das refeições, muito longe disso, apenas quatro mil dos 15 mil euros referidos foram pagos a dobrar, mas sem nunca o dinheiro passar pela nossa instituição, só que mesmo assim devolvemos tudo, quer dizer, os 15 mil euros, não os quatro mil euros que estarão em causa, deixando ao critério do Tribunal”.
O arguido, reformado da Direção Geral das Contribuições e Impostos, atual Autoridade Tributária e Aduaneira, começou a ser julgado por alegados crimes de peculato e falsificação de documentos, que levaram a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde a receber, indevidamente, 15 mil euros, uma verba já devolvida, à ordem do Tribunal de Vila Verde.
Carlos Braga disse que “quem tratava de requisitar refeições a restaurantes da zona era o comandante dos Bombeiros de Vila Verde, enviando-me as listagens das ocorrências, que eu assinava, para serem pagas pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, desconhecendo então que uma parte das mesmas refeições já tinham sido pagas pela Câmara de Vila Verde”.
O antigo dirigente dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, instituição que serviu durante 26 anos, 15 dos quais já como presidente, salientando à juíza que “sempre servi e nunca me servi do meu trabalho em prol da corporação, acrescentou “que toda a gente sabe ser incapaz de desviar um cêntimo que seja, a favor de quem quer que fosse, disso ninguém me pode acusar”.
A par de Carlos Braga, está a ser julgada também a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, com a presença do seu atual presidente, Paulo Renato Ramos, igualmente no banco dos réus do Palácio da Justiça de Vila Verde, a fim de esclarecer tal imbróglio, sendo ambos, ex-presidente e instituição, defendidos pelo advogado Reinaldo Veloso Martins.