O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) apresentou esta quarta-feira o recentemente concluído Plano de Gestão da Pesca Lúdica do rio Mouro, novo instrumento jurídico que foi bem acolhido, porque “todos saem a ganhar” com o alargamento do perímetro de pesca, havendo mais garantias de preservação das espécies.
Trata-se do rio Mouro, afluente do Rio Minho, nascido em Lamas de Mouro, concelho de Melgaço, resultando da junção de três nascentes: Cabeça do Pito, Portela do Lagarto e Trincheira. Desde os 1.200 metros de altura, onde nasce, até à sua confluência com o rio Minho, em Ponte do Mouro, Monção, percorre 32,7 quilómetros. De acordo com ambos os municípios, trata-se de um dos rios menos poluídos do país.
Esta iniciativa, superentendida pela diretora regional do Norte do ICNF, Sandra Sarmento, permitiu melhor divulgação das novas regras de pesca e sua gestão sustentável, a dos recursos aquícolas, designadamente de importantes valores de conservação como é o caso do salmão-do-Atlântico (Salmo salar), que anualmente procura estes ecossistemas aquáticos e ribeirinhos para concluir o seu processo reprodutivo e onde os seus juvenis se desenvolvem ao longo de cerca de dois anos antes de migrarem para o Oceano Atlântico.
Já a enguia-europeia (“Anguilla anguilla”) constitui mais um exemplo de uma espécie catádroma, que anualmente acolhe os seus juvenis, até à sua fase de regressar ao Mar dos Sargaços, para se reproduzir, conforme foi salientado, durante ambas as sessões.
A abertura da pesca lúdica, de acordo com as preocupações de maior sustentabilidade dos recursos explorados, irá ainda assim permitir alargar a pesca, no curso de água principal, onde passarão a existir áreas de pesca sem morte (recorrendo apenas a meios e processos de pesca consentâneos com aquela mesma prática) e também de pesca com morte (com quotas e medidas mínimas definidas), segundo explicaram técnicos e outros responsáveis.
Este modelo de ordenamento e gestão das massas de água de montanha tem assim como preocupação adicional a salvaguarda daqueles valores de conservação, de que ainda é possível dispor neste tipo de massas águas interiores nacionais, privilegiando os afluentes como importantes áreas de proteção, de refúgio e de reprodução, como preconiza o ICNF.
A apresentação contemplou o novo Modelo de Ordenamento e Gestão da Pesca para toda a área da Bacia de Drenagem do rio Mouro, cuja abrangência se alarga a acerca de 14.200 hectares da Bacia Hidrográfica do Minho e daí a sua importância acrescida para a região.
“Com esta ação espera-se agora que o futuro desta atividade seja mais promissor mesmo alicerçado em princípios mais conservacionistas dos recursos explorados e também onde se acautele de forma muito mais objetiva a proteção do salmão-do-Atlântico e da enguia–europeia, entre as demais espécies aquícolas autóctones cujo futuro nestes territórios apenas será garantido se devidamente geridas”, salientou Sandra Sarmento a O MINHO.