Megajulgamento em Barcelos novamente adiado, desta vez por causa do sistema de gravação

Mais de uma centena de arguidos suspeitos de fraude
Megajulgamento em barcelos novamente adiado, desta vez por causa do sistema de gravação

O Tribunal de Braga adiou, hoje e na segunda-feira, a exemplo do que já sucedera na semana passada, o julgamento do megaprocesso da extinta AIMinho (Associação Industrial do Minho), que está a decorrer em Barcelos.

O adiamento ficou a dever-se à impossibilidade de se proceder à gravação de julgamentos que se realizam fora do tribunal de origem, motivou vários adiamentos na última semana.
Fonte judicial disse a O MINHO que, nenhuma das últimas cinco audiências marcadas pôde ser realizada devido a problemas de gravação dos depoimentos das testemunhas no Citius, o sistema informático dos tribunais portugueses.

Em declarações a O MINHO; o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), António Marçal, disse que “o problema se arrasta há três meses, afetando a primeira instância e os tribunais superiores”.

E a mesma fonte acrescenta: “Todos clamam pelas implicações nefastas para a Justiça no adiamento das diligências por motivo de greve, contudo, não se sabe porque não são referidos os adiamentos ocorridos durante a semana transata, devido à impossibilidade de se proceder à gravação de audiências e julgamento, em todos os julgamentos que se realizam fora do tribunal, como são os casos dos mega julgamentos”.

E os oficiais da justiça deixam uma pergunta: “já se quantificaram os atrasos nas decisões ou andamento nos processos da 2ª instância, Tribunais da Relação e Supremo Tribunal de Justiça, cujas decisões estão dependentes de audição pelos magistrados e, também, durante a semana transata não puderam ser realizadas por problemas relacionados com as aplicações informáticas de suporte aos tribunais?”

Marcação de faltas a grevistas

Entretanto, uma outra fonte do setor revelou que, em janeiro, após a greve do SFJ às diligências, a Direção Geral da Justiça, “instiga os Administradores e os Secretários dos tribunais a marcarem faltas ao serviço, quando, na realidade, os oficiais de justiça estão a trabalhar, todo o dia”.

E, em declarações a O MINHO, exemplifica: “um funcionário esteve a trabalhar, de manhã. Porém, às 12:00, teve que ir a uma audiência. Mas não o fez porque estava de greve ao ato. Logo, não se pode consignar no programa informático de assiduidade – Oracle – a classificação como Greve – Meio Dia, porque ele apenas a fez a partir daquela hora”.

Dizem que “a ordem é ilícita, ou seja, tem todos os pressupostos de um crime de falsificação. Isto, praticado por entidade tutelada pelo Ministério da Justiça é, no mínimo, bizarro. obrigando os secretários de justiça a efetuar este registo, que podia a própria DGAJ fazê-lo, porque já lhe foi comunicada a informação das diligências não realizadas por motivo de greve, e de forma detalhada, referente a cada dia, hora, processo e funcionário aderente”.

Guerra vai continuar?

Com todas as estas situações, – sublinham – “é premente questionar-se o Ministério sobre se vai continuar neste confronto com os Oficiais de Justiça, ou, se por outro lado, está a pensar parar com esta “guerra”, por ser amplamente reconhecida como uma luta justa, por variadíssimas entidades, entre as quais, as associações sindicais de magistrados, e Ordem dos Advogados e, muito recentemente, com o apoio solidário manifestado em Ponte da Barca pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, por inerência Presidente do Conselho Supeior de Magistratura, Juiz Conselheiro Henrique Araújo”.
A este propósito, aquele líder do sindicato concorda: “pedimos ao Ministério Público que “averigue” se a diretora-geral cometeu um “crime de coação” ao exigir a marcação de faltas”, diz António Marçal.

Ministério apresentou proposta

Contactado, o Ministério da Justiça (MJ) afirma que “tem defendido o direito constitucional à greve”, e que “mantém reuniões e diálogo com os sindicatos”.

E esclarece, ainda: “o Ministério considerou que a configuração atípica da greve justificava o pedido de parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República (PGR). Aguardamos com tranquilidade esse parecer, sendo que a nossa política de diálogo e de busca de soluções para o eficaz funcionamento da Justiça é, e será sempre, uma realidade”.

O Governo lembra, ainda, que já foi remetido aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da Administração Pública e das Finanças o Estudo Prévio relativo à revisão das carreiras dos funcionários de justiça nos termos do artigo 135.º do DL 10/2023, de 8 de fevereiro, o qual seguirá os trâmites subsequentes.

E, a concluir, realça: “A Direção Geral da Administração da Justiça (DGAJ) já abriu concurso para o recrutamento de 200 oficiais de justiça, na sequência de uma decisão autorizada pelo Governo”.

 
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