O debate desta terça-feira entre os candidatos presidenciais Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), e André Ventura, do Chega, foi uma arena para uma troca de acusações de “troca-tintas” ou “travesti de direita”. O líder da direita-radical disse que a ideologia do liberal era a do Bloco de Esquerda.
No frente a frente televisivo na SIC Notícias, os dois candidatos às presidenciais de 24 de janeiro tiveram uma discussão acesa, com algumas interrupções à mistura, sobre o que os diferencia e quase ignoraram as críticas aos restantes candidatos, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e recandidato, mas também os candidatos à esquerda.
Mayan Gonçalves começou o debate a repetir acusações a Ventura, que rotulou de “xenófobo, racista e troca-tintas”, por mandar “uma deputada negra para a terra dela”, por querer “confinar uma minoria” cigana e atacou-o por dizer que não pretende ser “Presidente de todos os portugueses”.
“Esta é uma enorme diferença” entre os dois, sublinhou Tiago Mayan Gonçalves.
Passavam pouco mais de três minutos, e o nível de decibéis subiu quando André Ventura confirmou que não queria “ser o Presidente de todos os portugueses”, “dos portugueses pedófilos, dos que vivem à conta do sistema” e voltou a dizer que “há um problema com a etnia cigana”, afirmando que vive “acima das suas possibilidades”, de subsídios.
E ironizou com o discurso do seu adversário “eu sou de direita, mas defendo as coitadinhas das minorias”, sugerindo que mudasse o nome do partido a que pertence de Iniciativa Liberal para “Esquerda Liberal”.
Mais à frente, Ventura acusou Mayan Gonçalves de ser um “travesti de direita” e que era do Bloco do Esquerda.
Ao longo de grande parte do debate, de 35 minutos, o candidato presidencial dos liberais tentou cavar diferenças com Ventura quanto à imigração, ao papel do Estado e dos apoios às minorias, como a cigana, demarcando-se do radicalismo do deputado do candidato e deputado do Chega.
O debate avançou e quando se falou da TAP e das ajudas do Estado, o candidato apoiado pela IL criticou Ventura por admitir que “prefere fechar a torneira a 15 milhões de euros no Rendimento Social de Inserção (RSI)” para as minorias, mas dar “4.000 milhões” à TAP já não há problema. “É este o tipo de candidato que André Ventura é”, vincou o liberal.
Comentário imediato de Ventura numa das várias interrupções: “Está a comparar a TAP com os ciganos?”.