A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou hoje que o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho desautorizou o atual líder do PSD, Luís Montenegro, e assumiu que o projeto dos sociais-democratas “é mesmo um acordo com o Chega”.
Em declarações aos jornalistas à frente do Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, Mariana Mortágua reagiu às palavras de Pedro Passos Coelho que, esta manhã, questionado sobre um eventual acordo entre o PSD e o Chega após as eleições de março, respondeu que não lhe compete abordar esse tema, mas que isso vai depender das estratégias que vierem a ser definidas pelos partidos “e das condições que os portugueses” lhes oferecerem.
A coordenadora do BE considerou que, com estas declarações, Passos Coelho veio “desautorizar Luís Montenegro” e “assumir que o projeto do PSD é mesmo um acordo com o Chega”.
“Não é de estranhar: Portugal conhece Pedro Passos Coelho. Sabe que André Ventura era o seu acólito, o seu protegido, na mesma altura em que Luís Montenegro era líder parlamentar do PSD. Trata-se, portanto, de uma grande família”, sustentou.
Mariana Mortágua acrescentou que “essa grande família saiu e foi desalojada do poder em 2015, perdeu as eleições desde então, e vai voltar a perder, porque o país não esquece, não perdoa o que a direita fez aos salários, às pensões, à qualidade de vida, à dignidade de quem trabalhava em Portugal”.
Já interrogada sobre as declarações de Passos Coelho relativamente a António Costa – que considerou ter apresentado a sua demissão por “indecente e má figura” -, Mariana Mortágua voltou a referir-se às palavras do ex-primeiro-ministro relativamente ao Chega.
“Passos Coelho aparece mais uma vez em cena para desautorizar Luís Montenegro e para admitir que o projeto do PSD é governar com o Chega”, reforçou.
Reiterando que a “direita vai ser derrotada em 2024”, nas legislativas, Mariana Mortágua vincou que “o BE vai ser a força que vai contribuir para essa derrota”.
O BE “vai ser essencial e determinante para encontrar as soluções que interessam, e as soluções que interessam são como é que abrimos no Hospital Amadora-Sintra as urgências pediátricas e de obstetrícia todos os dias, a todas as horas, porque é assim que tem de ser”, referiu.
Esta manhã, à chegada ao Campus da Justiça, em Lisboa, Pedro Passos Coelho admitiu também que este não é o seu tempo para intervir no espaço político, e manifestou a expectativad e que o PSD possa estar preparado e seja “liderante nesta fase nova”.
Sublinhando que será necessário um Governo “que possa inspirar confiança às pessoas”, Passos Coelho disse acreditar numa vitória social-democrata nas eleições de 10 de março: “Espero evidentemente que o PSD possa ser o partido liderante nessa fase nova que se vai abrir, não porque é o meu partido – acho que todos compreenderiam que eu desejasse que o meu partido pudesse ganhar as eleições – e confio que sim, que isso acontecerá”.
Por outro lado, Passos Coelho manifestou também a esperança de que o “país saiba identificar no atual Governo que está a cessar funções responsabilidades graves na situação a que o país chegou”.
“Suficientemente graves para que o primeiro-ministro tenha sido o único de que eu tenho memória que se tenha sentido na necessidade de apresentar a demissão por indecente e má figura”, salientou.