O Presidente da República recusou hoje qualquer interferência na decisão do PSD de não aceitar acordos de Governo ou ter apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas”, afirmando que os partidos definem o seu rumo.
“Um presidente nunca interfere em estratégias partidárias. A última coisa que deve fazer é estar a influenciar a eleição de líderes partidários, a estratégia dos lideres partidários, a orientação dos lideres partidários. Não é esse o seu papel”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas à margem das comemorações dos 50 anos do III Congresso da Oposição Democrática, que começaram hoje de manhã na Universidade de Aveiro.
O chefe de Estado esclareceu ainda que “são os partidos que definem o seu próprio rumo e o presidente deve colocar-se num plano diferente desse”.
O líder do Chega, André Ventura, vai ser recebido hoje à tarde, em Belém, pelo Presidente da República, para que este esclareça se aceita uma solução de governo que inclua o seu partido.
Na terça-feira o líder do Chega disse haver uma articulação entre o líder do PSD, Luís Montenegro, e o Presidente da República acusando este último de ter obrigado Montenegro a dizer que com o Chega não haverá acordos de governo.
“O PSD tem de se desamarrar do Presidente da República e perceber o que quer autonomamente”, desafiou Ventura, apontando que o “PSD ou quer governar com o PS ou com o Chega”.
O presidente do Chega considerou que Marcelo Rebelo de Sousa “é um analista político proeminente, assertivo, claro, e que gosta desse jogo”.
Na segunda-feira, numa entrevista à CNN Portugal, o presidente do PSD rejeitou que o partido possa fazer acordos de Governo ou ter o apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas”, no que foi entendido como uma demarcação do partido de Ventura.