A mudança do treinador Rúben Amorim do Sporting, campeão e líder invicto da I Liga portuguesa, para os ingleses do Manchester United elevou hoje o histórico de transações mediáticas entre os dois clubes, encimado pelo futebolista Cristiano Ronaldo.
Ao sair por 12,7 milhões de euros (ME) – incluindo os 10 ME da cláusula de rescisão, que igualam o investimento feito pelos ‘leões’ junto do SC Braga em março de 2020, o antigo médio vai tornar-se o segundo técnico português de sempre dos ‘red devils’, após José Mourinho, vencedor de três troféus – incluindo a edição 2016/17 da Liga Europa – entre maio de 2016 e dezembro de 2018.
Rúben Amorim, de 39 anos, comemorou dois campeonatos, duas Taças da Liga e uma Supertaça em pouco mais de quatro temporadas e meia no Sporting, que, dois meses antes da sua chegada e a caminho da 19.ª época seguida sem títulos na I Liga, tinha transferido o médio Bruno Fernandes para Old Trafford por 55 ME fixos, mais 25 ME em variáveis.
Desde então, o desempenho individual do internacional português e atual capitão do Manchester United, aliado à execução de alguns objetivos coletivos do recordista de conquistas da Premier League (20), fez esse negócio crescer em 10 ME, até aos 65 ME.
Bruno Fernandes é a transferência mais cara da história do Sporting, logo acima dos 60 ME definitivos pagos no ano passado pelo tricampeão francês Paris Saint-Germain na aquisição do médio uruguaio Manuel Ugarte, que se destacou sob orientação de Rúben Amorim, de 2021 a 2023, e viria a custar 50 ME ao Manchester United no último verão.
O historial de movimentações entre Alvalade e Old Trafford envolve também o defesa central argentino Marcos Rojo, negociado por 20 ME no defeso de 2014, altura em que o extremo Nani fez o caminho inverso a título de empréstimo e viveu o primeiro de dois regressos aos ‘leões’, sete anos depois de ter chegado à Premier League por 25,5 ME.
O atual dianteiro do Estrela da Amadora participou no último campeonato vencido pelo Manchester United, em 2012/13 – que marcou a despedida do treinador escocês Alex Ferguson ao fim de 27 temporadas -, após ter partilhado balneário nas duas primeiras épocas com Cristiano Ronaldo, junto do qual festejaria a conquista do Euro2016 por Portugal.
Vencedor da Bola de Ouro em 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017, o avançado e capitão da seleção nacional foi o primeiro a trocar o Sporting pelo United, no qual ingressou em agosto de 2003, então com 18 anos, após ter fascinado Ferguson no triunfo ‘leonino’ (3-1) sobre os ingleses em plena inauguração do novo Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Identificado pelos responsáveis dos ‘red devils’ um ano antes, sob conselho do então treinador-adjunto e antigo selecionador nacional Carlos Queiroz, Cristiano Ronaldo foi transacionado por 19 ME e tornou-se o jovem jogador mais caro do futebol inglês à data, numa altura em que escasseavam os negócios acima dos 50 ME na modalidade.
Ao colecionar uma Liga dos Campeões (2007/08) e um Mundial de clubes (2008), mais três campeonatos, uma Taça de Inglaterra, duas Taças da Liga e uma Supertaça, entre 2003 e 2009, o avançado notabilizou-se como uma das referências da derradeira fase gloriosa do Manchester United, ao qual voltaria sem o mesmo brilhantismo em 2021/22.
Na segunda passagem por Old Trafford, ‘CR7’ conheceu quatro treinadores – dois dos quais interinos – em pouco mais de um ano, saindo crítico das condições do clube e em conflito com o neerlandês Erik ten Hag, antecessor de Rúben Amorim, em novembro de 2022, para rumar ao vice-campeão saudita Al Nassr a seguir ao Mundial2022, no Qatar.
O Sporting já recebeu 142,2 ME pela venda de um treinador e de quatro futebolistas ao Manchester United, mas essa relação negocial iniciou-se com papéis invertidos em junho de 1999, quando Peter Schmeichel chegou a Lisboa como jogador livre.
Semanas depois de ter contribuído para o único ‘triplete’ do emblema de Manchester, o guarda-redes dinamarquês, um dos melhores da sua geração, protagonizou uma das transferências mais improváveis do futebol português e deixou marca nas duas épocas subsequentes, devolvendo os ‘leões’ aos títulos na I Liga 18 anos depois, em 1999/00.
O contacto do United com o futebol português estende-se ainda ao Benfica, que trouxe Álvaro Carreras, integrado no atual plantel ‘encarnado’, Karel Poborsky ou Bebé – inicialmente contratado pelos ingleses ao Vitória de Guimarães -, mas vendeu Victor Lindelöf.
O defesa central sueco vai reencontrar Rúben Amorim, com quem partilhou balneário no Benfica, de 2013 a 2015, num plantel que inclui também o lateral polivalente internacional português Diogo Dalot, recrutado pelos ‘red devils’ ao FC Porto, a par de Alex Telles, em 2020/21, e Anderson, em 2007/08.