Magnatas do Minho disputam Alta Velocidade. Casais e Gabriel Couto em vantagem

Obra de 2,14 mil milhões de euros
Alberto Couto (ACA), José Teixeira (DST), António Carlos (Casais) e Carlos Couto (Gabriel Couto)

O consórcio de construtoras liderado pela Mota Engil e que incluí a bracarense Casais e a famalicense Gabriel Couto está mais próximo de assegurar o concurso público internacional para construir e gerir o primeiro troço da linha Alta Velocidade entre Porto e Lisboa.

Segundo a imprensa nacional especializada em economia, esta é a “única proposta firme” apresentada perante a Infraestruturas de Portugal, havendo uma outra proposta mas com apenas “duas páginas”, de uma empresa portuguesa cujo nome não foi revelado publicamente, avançou o jornal Eco.

O consórcio em ponto de vantagem, confirmou O MINHO com fonte próxima da Mota Engil, que o lidera, só comporta empresas portuguesas e duas delas são construtoras do distrito de Braga: o grupo Casais (Braga) e a Gabriel Couto (Famalicão). O MINHO pediu então uma reação a ambas, mas a Gabriel Couto escusou-se a comentar e a Casais não deu qualquer resposta. Este consórcio é liderado por Mota Engil (Amarante) e pela Teixeira Duarte (Lisboa), incluíndo ainda a Conduril (Ermesinde) e a Alves Ribeiro (Lisboa), além das duas construtoras do distrito de Braga.

Gabriel Couto e Casais com mão de obra de 6.000 pessoas

A construtora Gabriel Couto, de Famalicão, é uma das 10 maiores do país e já foi a principal empreiteira da região Norte. Fundada em 1948 por Gabriel Couto, hoje é presidida por Carlos Couto. Conta com cerca de 500 colaboradores e tem obras em várias partes do país e no estrangeiro, dedicando-se sobretudo à construção urbana.

Carlos Couto (GabriEl Couto, SA). Foto: DR
Gabriel Couto é reconhecida internacionalmente pelas construções rodoviárias. Foto: Gabriel Couto, SA

Ao lado da empreiteira de Famalicão neste consórcio está outro grupo de Braga que dispensa apresentações: Casais. A construtora de Mire de Tibães, para além da Engenharia e Construção, está presente nos setores das Especialidades e Indústria e Promoção e Gestão de Ativos e conta com 5.400 colaboradores nas várias geografias, sendo mais de 1.600 em Portugal. É liderada por António Carlos Rodrigues e, à semelhança da Gabriel Couto, a administração também é detida por uma família.

António Carlos Rodrigues (CASAIS). Foto: DR

Como O MINHO noticiou, havia outro consórcio interessado que incluía o Grupo DST (Braga) e a Alberto Couto Alves (Famalicão). A liderar esse consórcio estaria a Sacyr, um dos maiores construtores de Espanha, apoiados pela Somague e pela Neopul, empresas portuguesas que pertencem ao grupo espanhol. Este consórcio ainda não terá apresentado proposta, segundo a imprensa nacional.

Em causa está um valor de obra que pode atingir os 2,14 mil milhões de euros, após apoio de fundos europeus.

De acordo com o concurso público publicado no dia 15 de janeiro em Diário da República (DR) pela Infraestruturas de Portugal (IP), o procedimento tem um valor de 1,66 mil milhões de euros, a que se podem somar 480 milhões de euros de fundos europeus, perfazendo assim 2,14 mil milhões de euros.

Preço é fator importante, mas há outros aspectos a ter em conta no concurso

De acordo com o procedimento de avaliação, consultado por O MINHO, o fator preço representa 70% de ponderação para escolha do consórcio final, e a qualidade 30%. Sobre a qualidade, o subfator mais importante é a estação de Campanhã, com a proposta apresentada a contar 35% para a ponderação do júri que escolhe os vencedores da obra. A estação de Gaia também representa 35% da avaliação, enquanto a nova ponte representa 30%. Ou seja, se todos apresentarem os mesmos preços ao Estado, aquele que garantir melhor qualidade nas estações de Campanhã e Gaia, além da qualidade na nova ponte, ficará com a obra.

4,26 mil milhões de euros até 2055

De acordo com a resolução do Conselho de Ministros, o consórcio vencedor passa a integrar uma PPP com o Estado português, A PPP implica um custo de cerca de 4,26 mil milhões de euros durante 31 anos.

O procedimento implica a “conceção, projeto, construção, financiamento, manutenção e disponibilização do troço” Porto – Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro).

O primeiro troço da linha, corresponde aos 71 quilómetros (km) entre o Porto e Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro), numa linha preparada para os 300 quilómetros por hora (km/hora).

O projeto inclui a reformulação da estação de Campanhã, no Porto, a construção de uma nova ponte rodoferroviária, com dois tabuleiros, sobre o rio Douro, a construção de uma nova estação subterrânea em Santo Ovídio (Gaia), com ligação ao Metro do Porto, e a ligação de 17 quilómetros à atual Linha do Norte, em Canelas (Estarreja), permitindo assim que o comboio de alta velocidade chegue à atual estação de Aveiro.

Ligar Porto-Lisboa em 1:15

A linha de alta velocidade deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.

Prevê-se a realização de 60 serviços por dia e por sentido, dos quais 17 serão diretos, nove com paragens nas cidades intermédias (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia), e 34 serviços mistos (com ligação à rede convencional), segundo a IP.

O projeto prevê transportar 16 milhões de passageiros por ano na nova linha, dos quais cerca de um milhão que atualmente fazem aquela viagem de avião.

Paralelamente, está também a ser projetada a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), com estações no aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga e Valença.

 
Total
0
Partilhas
Artigo Anterior

Relação mantém ex-líder dos Super Dragões na cadeia

Próximo Artigo

Montenegro defende que extremismos só se combatem com “bons governos”

Artigos Relacionados
x