O consórcio LusoLav, que inclui as empresas Casais, de Braga, e Gabriel Couto, de Famalicão, confirmou que já está a fazer “levantamentos de cadastro no terreno” no troço da linha de alta velocidade, mas “dentro do corredor ambientalmente aprovado”, após um presidente de junta de Espinho denunciar o contrário.
“O traçado corresponde ao apresentado na proposta entregue a 02 de julho de 2024, encontrando-se o mesmo integralmente dentro do corredor ambientalmente aprovado”, pode ler-se num comunicado enviado pelo consórcio LusoLav (Mota-Engil/Teixeira Duarte/Alves Ribeiro/Casais/Conduril/Gabriel Couto) à Lusa.
O traçado está “em fase de desenvolvimento de projeto, e dessa forma não definitivo”, garantindo o agrupamento que “não existe à data qualquer afetação de terrenos e habitações fora do corredor ambientalmente aprovado”.
O presidente da Junta da União de Freguesias de Anta e Guetim, Nuno Almeida, disse à Lusa que o traçado ferroviário da linha de alta velocidade em Espinho foi alterado sem aviso, estando agora sinalizadas para demolição casas antes indicadas como seguras.
Segundo o presidente, a situação surpreendeu algumas famílias locais, que esta semana foram abordadas por uma empresa afeta ao projeto e ouviram dos seus profissionais “que as suas casas serão demolidas”.
Nuno Almeida adianta que as equipas no terreno foram “contratadas pelo consórcio que concorreu para a construção do troço Porto/Oiã”, mas estão a avançar “sem que o traçado tenha sido oficialmente aprovado ou apresentado às populações”.
Já o consórcio refere que o projeto “obriga à presença de técnicos no terreno”, procurando “otimizar a construção e exploração da via, tendo para tal sido iniciados os primeiros levantamentos de cadastro no terreno que integrará o futuro projeto de execução e que constituirá a base para as expropriações”.
O consórcio refere que as expropriações, “com alguma probabilidade, se desenvolverão no final do ano de 2025, início de 2026”.
“A informação do cadastro, que inclui a identificação das parcelas e dos seus proprietários não está terminada, prevendo-se que a solução final de projeto seja apresentada a consulta publica no final de agosto–início de setembro deste ano”, refere.
Fonte da IP disse que “não teve conhecimento prévio da realização de quaisquer ações no terreno a cargo do consórcio adjudicatário, nem tão-pouco dos contactos com as populações referidas hoje em notícias”.
A Lusa tem questionado sucessivamente o consórcio LusoLav, desde dezembro, acerca de alterações de traçado no troço da linha de alta velocidade entre o Porto e Oiã, incluindo uma possível mudança da localização da estação de Vila Nova de Gaia, prevista para Santo Ovídio, mas nunca obteve resposta.
A Lusa questionou também a Infraestruturas de Portugal (IP) sobre esta questão, tendo a empresa adiantado em janeiro que não tinha “conhecimento da intenção do consórcio de alterar qualquer aspeto da proposta apresentada a concurso, a qual respeita integralmente todos as condições previstas”.
“Após a entrada em vigor do contrato de concessão os projetos das estações incluídas no Troço Porto (Campanhã)-Oiã, nomeadamente da Estação de Campanhã e da Estação de Gaia (Sto. Ovídio) terão de ser aprovados pela IP”, assegurou também.
O consórcio LusoLav também foi a única proposta admitida no concurso para o segundo troço da linha de alta velocidade (Oiã-Soure), mas a sua proposta foi excluída.
Segundo a vereadora da mobilidade da Câmara de Coimbra, Ana Bastos, a proposta terá ido contra os pressupostos estabelecidos no caderno de encargos, nomeadamente criando uma variante em Coimbra e deslocalizando a futura estação intermodal de Coimbra-B para Taveiro, como forma de poupar os custos em cerca de 500 milhões de euros.
A futura linha de alta velocidade deverá ligar Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos em 2032, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria, e o percurso Porto-Vigo (via aeroporto do Porto, Braga, Ponte de Lima e Valença) em 50 minutos, em 2032.