Um grupo 25 utentes da clínica dentária Suisse Dental Services (SDS) esteve hoje à porta do estabelecimento, em Braga, à espera de ser atendido, alegadamente depois de lhes ter sido dito que abriria atendimento, o que não se verificou.
“Estivemos duas horas à porta mas apenas apareceu uma ex-funcionária que de nada sabia”, contou a O MINHO um dos cidadãos alegadamente lesados pela clínica, já que pagou a colocação de próteses dentárias, mas o processo ficou a meio.
Os clientes da clínica voltam a juntar-se na sexta-feira, às 09:00, no mesmo local – Centro de Negócios Ideia Atlântico -, à espera de serem atendidos, num ato que assume, também, as características de manifestação de protesto: “Deixamos um papel à porta da Suisse Dental Services a avisar outras pessoas na mesma situação de que nos concentraremos nesse dia”, adiantou a mesma fonte, que pediu o anonimato.
No grupo há quem tenha investido verbas – em certos casos com empréstimo bancário – que vão dos cinco aos 15 mil euros, tendo, nalguns casos feito nenhuns ou poucos tratamentos e noutros tido consultas e intervenções cirúrgicas que foram até à colocação de próteses provisórias, faltando a colocação das definitivas. Reclamam, por isso, a devolução do dinheiro já que os tratamentos eram pagos “antecipadamente”.
Os lesados referem que desde do início do mês de maio não conseguem contactar com a referida clínica, tanto por telefone como presencialmente, e lembram que testemunhos semelhantes são partilhados por clientes da SDS no portal da queixa, onde existem quase 300 participações, ou nas redes sociais.
Queixas no MP
Entretanto, quer a Autoridade de Saúde quer a Ordem dos Médicos Dentistas apresentou queixa por burla no Ministério Público, que está a investigar o caso.
No seu site, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) informa que entregou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) um ofício a dar conhecimento da alegada prática de exercício ilegal de Medicina Dentária em clínicas da rede SDS – Portugal Sociedade Suíça de Serviços Odontológicos, Lda., na sequência de denúncias que deram entrada na Ordem.
No documento, era solicitado à IGAS que fossem desencadeadas as diligências necessárias ao apuramento dos factos, por forma a acautelar interesses superiores de Saúde Pública.
Já em 2017 e 2018, e a propósito da mesma rede de clínicas, a OMD encaminhou à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) um conjunto de questões relacionadas com matéria de publicidade de saúde em medicina dentária, por alegado incumprimento do regime jurídico das práticas de publicidade em saúde, previsto no Decreto-Lei n.º 238/2015, de 14 de outubro.