O tribunal coletivo prosseguiu, hoje, à porta fechada, no pavilhão desportivo de Maximinos, o julgamento de dez arguidos acusados de terem assaltado o banco Santander, na dependência da Avenida Central, em Braga, e várias vivendas na região minhota.
Os juízes proibiram a presença de público e de jornalistas para assegurarem o cumprimento das regras sanitárias em vigor, nomeadamente a de distância de dois metros entre as pessoas.
Na última sessão, e segundo vários juristas presentes, o Tribunal ouviu três proprietários de vivendas alegadamente assaltadas pelos arguidos: uma lesada, que vive no Areal em Braga, contou que foi alvo de uma tentativa de furto, supostamente perpetrada por alguns dos arguidos. Um outro lesado, este de Areosa, em Viana do Castelo, referiu ter ficado apenas sem um anel de ouro, já que o assalto não teve êxito. De seguida, uma mulher, filha do conhecido empresário bracarense, José Gomes – dos Cinemas Avenida – relatou o assalto de que a sua vivenda foi alvo, em Tenões, tendo salientando que lhe furtaram várias jóias e 38 mil euros em dinheiro.
Em julgamento, estão nove homens – quatro em prisão preventiva e um em domiciliária – e uma mulher, por assaltos ao Santander e a dez vivendas. Eles estão acusados de associação criminosa e furto qualificado, e a mulher, companheira de um deles, apenas por furto.
O grupo está acusado pelo Ministério Público (MP) de furtar 4,7 milhões, em dinheiro e bens, (sem contabilizar a moeda estrangeira), em dez assaltos a casas e ao Santander, em Braga, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez e Viana do Castelo.
Associação criminosa
O caso envolve o agente da PSP Carlos Alberto Alfaia, na altura em Ponte de Lima, que dava informações, a troco de dinheiro, sobre as casas a assaltar.
O MP calcula que, só do banco, três arguidos levaram 2,6 milhões em dinheiro e 400 peças de 52 cofres. Ao todo, quatro milhões. Entre os lesados, com casas assaltadas e carros furtados, estão o empresário Domingos Névoa, o cantor limiano Delfim Júnior e o médico e antigo atleta do SC Braga, Romeu Maia. A investigação foi da GNR e da Polícia Judiciária do Porto.
O MP considera que o mentor da “associação criminosa” é o arguido Joaquim Marques Fernandes (de Priscos, Braga) o qual terá criado o gangue em parceria com Vítor Manuel Martins Pereira (de Vila do Conde), Luís Miguel Martins de Almeida (de Braga) e Rui Jorge Dias Fernandes (Braga).
O grupo engloba, ainda, Paulo Sérgio Pereira, (irmão de Vítor), de Famalicão, Mário Fernandes, de Braga, Cristiana Guimarães, de Braga, André Filipe Pereira, de Famalicão, e Manuel Oliveira Faria, de Braga.
Terá atuado desde 2017 e até Junho de 2018. Utilizava recursos tecnológicos sofisticados, como inibidores de telecomunicações e de alarmes, GPS, clonadores de chaves eletrónicas de automóveis e instrumentos para neutralizar cães de guarda.