Um jovem bracarense, Fábio Lemos, nega a autoria de “qualquer ataque xenófobo ou de outro tipo” contra um engenheiro brasileiro, Saulo Jucá, em Braga, alegadamente cometido durante altercações no dia 10 de junho, num café da cidade de Braga.
Fábio Veloso Lemos, de 29 anos, natural e residente em Braga, em declarações exclusivas a O MINHO, desmente a versão do cidadão brasileiro quanto à origem dos incidentes em que este foi atingido com murros e pontapés.
O engenheiro brasileiro, de 51 anos, natural de Pernambuco, no Brasil, a residir em Portugal, desde o ano de 2021, com dupla nacionalidade, diz ter havido motivações xenófobas na origem dos desacatos, ocorridos num café do centro da cidade de Braga.
Mas Fábio Lemos desmente que “alguma vez tivesse sido xenófobo”, salientando “ter amigos e clientes brasileiros” e referindo que “tudo começou quando esse senhor, sem mais nem menos, virou-se para mim, perguntando-me o que foi e eu disse: nada”.
“Veio numa de agressividade contra mim”
E prossegue: “Ele então virou-se para mim, novamente, dizendo que se fosse no Brasil me dava dois tiros, ao que eu perguntei se estava a falar para quem e ele levantou-se, veio numa de agressividade contra mim, começando a agredir-me”.
“As imagens de videovigilância vão mostrar que falo verdade e ter a razão do meu lado, ele rasgou-me a roupa e então ambos nos envolvemos em pancadaria, não nego os meus atos, mas vou justificá-los com a situação que se criou”, disse Fábio Lemos.
“Recordo-me que logo no início, ele ia meio a cambalear com uma postura alcoolizada, tendo o proprietário do café a dizer-lhe que eu sirvo-te, a bebida, mas portaste bem, sentas-te aí, isto quando ele pediu uma bebida”, acrescenta.
E continua: “Eu nunca o tinha visto, soube depois que costuma ir lá beber uma cervejas, não percebo o porquê de se falar de xenofobia, tenho familiares e amigos, bem como clientes brasileiros, não tenho qualquer tipo de preconceitos contra brasileiros”.
“Não houve xenofobia”
Fábio Lopes diz ainda: “Eu tinha bebido, mas estava já numa fase final, vinha de um café, passei ali porque estava lá a minha mãe que ali reside e a seguir eu ia embora, porque era hora de jantar, não houve antecedentes, nem qualquer tipo de xenofobia”.
Advogado confirma contra-queixa
Entretanto, o advogado João Ferreira Araújo, que representa Fábio Veloso Lemos, confirmou a O MINHO que “ainda hoje” foi ao Tribunal de Braga, “aguardando pela localização dessa queixa, para o [seu] cliente fazer também ele a respetiva queixa”.
“O meu constituinte foi enxovalhado, as coisas não se passaram como têm sido relatadas pelos órgãos de comunicação social, pelo que vai queixar-se, assim como a sua mãe, que foi alvo de impropérios pouco aceitáveis”, defende o advogado.
“Mera rixa entre duas pessoas que não se conheciam”
Ainda de acordo com João Ferreira Araújo, “tratou-se de uma mera rixa entre duas pessoas que não se conheciam antes, sem qualquer motivação xenófoba ou de outro género, houve sim foi excessos de ambas as partes e a começar por beberem demais”.
“Todos os dias acontecem coisas destas um pouco por todo o país, não deviam acontecer, às vezes têm consequências trágicas, o que felizmente não sucedeu neste caso, que se lamenta, mas que não teve a motivação que se pretende dar”, disse o advogado.
“Alias, não teve motivação alguma, foi uma coisa disparatada, um mal-entendido, em que os acontecimentos se precipitaram, mas não passou disso, de ofensas corporais simples, de parte a parte, foi o que sucedeu”, acrescentou a O MINHO João Ferreira Araújo.
Como o nosso jornal noticiou, o engenheiro brasileiro conta que enquanto conversava com o dono do estabelecimento, o Fábio Lemos entrou e perguntou-lhe a nacionalidade. Saulo confirmou que era brasileiro e aí terão começado as agressões.
Contactada por O MINHO, a PSP confirma que a queixa foi formalizada no dia 11 de junho contra um indivíduo cujo queixoso desconhece a identidade.
A denúncia foi encaminhada para o Ministério Público que agora realizará as necessárias diligências para a investigação.