Depois da bem sucedida experiência de plantar um hectare de girassol em Carreço, Viana do Castelo, no ano de 2019, para alimentar as cerca de 200 vacas que possui na Quinta da Pegadinha, em Chorente, Barcelos, o agricultor Miguel Lemos decidiu semear seis vezes mais plantas neste ano (cerca de 200 toneladas), de forma a conseguir produzir alimento para o gado.
Com parceria exclusiva com a Lacticínios das Marinhas, em Esposende, o produtor recorda que o leite originado pelas vacas alimentadas com girassol tem outras particularidades que tornam os derivados queijo e a manteiga com um sabor diferente, bastante apreciado no mercado gourmet.
“Este ano fizemos muita coisa. Temos seis hectares, metade já floridos e outra metade ainda a florescer, para além de outras variedades de girassol que estão ainda em ensaios”, conta Miguel, adiantando que a grande novidade é a organização de visitas guiadas à plantação.
E a primeira decorreu esta sexta-feira, com partida do restaurante Areia, em Carreço, mesmo ao lado da plantação. “Creio que é um restaurante que se adequa a este tipo de marketing, uma vez que também está na linha do mar, como os girassóis”, explica, dando conta dos planos para esta ação turística.
“Vamos fazer apresentações quase diárias no restaurante Areia para apresentar os nossos vinhos e queijos e falar dos objetivos. Cada grupo terá entre 15 a 20 pessoas convidadas que vão saber o que se passa aqui”, conta. E este ano há o lançamento do vinho Loureiro Pegadinha, reserva de 2020, para degustar com um pouco do queijo amanteigado com inspiração no girassol.
Miguel deixa, no entanto, um apelo, para as visitas guiadas: “Depois podem ir até aos girassóis, e até podem arrancar a planta para levar para casa, só peço é que não a cortem, como já vi fazer. Põe num saquinho e pode plantar em casa”.
Brevemente, irá iniciar a colheita dos primeiros três hectares, com os restantes a ficarem guardados para final de agosto.
Outra das novidades é a confecção de pão e outros farináceos com a semente do girassol, algo que não faziam: “Já temos os produtos mas ainda não lançámos no mercado porque se encontra em testes”.
Miguel explica que este ‘travão’ nos novos produtos deveu-se sobretudo por causa da pandemia e por o produto que apresentam ser de valor acrescentado, ou seja, mais caro para o bolso do comum dos portugueses. “Não fazia sentido estar a remar contra a maré”.
Mas o negócio dos queijos e das manteigas com óleo de girassol tem andado bem. “Vendemos por encomenda e na página online, maioria das vezes na altura do Natal e da Páscoa”, admite, apontando outubro de 2021 como data para a próxima colheita começar a ser comercializada.
As plantas são colhidas entre agosto e setembro para fazer o queijo, que passa 30 dias a fermentar. O artigo é lançado em outubro. “É ciclo de um ano, e tentamos fazer isto todos os anos”, revela.
No ano passado, os girassóis foram semeados num terreno em Chorente, no concelho de Barcelos, por não existir disponibilidade da dona dos terrenos em Carreço. Mas este ano já estão de volta ao local que Miguel considera ser “ideal”.
“Prefiro que a plantação esteja à beira do mar porque não precisa de ser regada, uma vez que o girassol tem capacidade de ir buscar água até um metro de profundidade”, desvenda, considerando também que a vaca gosta mais da planta criada à beira-mar.