A Câmara de Braga está contra o relatório da comissão técnica independente aos grandes incêndios de outubro do ano passado, tendo o seu vice-presidente, Firmino Marques, até enviado uma carta ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.
Na carta Firmino Marques lamenta que nenhum dos responsáveis operacionais e políticos do Município de Braga tenha sido ouvido para o relatório e que não terá tomado em devida conta informações que a autarquia remeteu sobre as consequências danosas dos incêndios.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Braga afirma que “tendo o incêndio começado em Leitões (Guimarães) e consumido uma área de 80 por cento” da zona total ardida no concelho de Braga”, a Comissão Técnica Independente “só ouviu os comandantes dos corpos dos bombeiros de Guimarães e os dois comandantes distritais de Proteção Civil”.
Na carta endereçada ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, acerca dos incêndios florestais que afetaram o concelho de Braga nos dias 14, 15 e 16 de outubro de 2017, a autarquia bracarense salienta que “o comandante dos Bombeiros Sapadores de Braga esteve presente desde o início da noite até ao final sem lhe ter sido atribuída uma missão”, referindo-se aos dois grandes incêndios que devastaram grande parte da mancha florestal envolvente da cidade de Braga, incluindo ainda o seu triângulo turístico-religioso entre Falperra, Sameiro e Bom Jesus, para além dos diversos aglomerados populacionais.
“Ninguém de Braga foi ouvido”
“Para que serviu a informação enviada pelo Município de Braga se no relatório é referido ‘que há uma única habitação devoluta que terá ardido, bem coimo um pavilhão industrial embora esteja por determinar se foi causa direta do incêndio’ e na referida informação remetida por nós é claramente identificada a perda total de uma primeira habitação, quatro habitações devolutas e duas instalações empresariais/industriais”, disse Firmino Marques.
Naquela missiva, assinada pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Braga, Firmino Marques, o vereador que tem a tutela da Proteção Civil e que também esteve sempre nos teatros de operações, juntamento com o chefe da sua divisão, comandante Vítor Azevedo, destaca-se ainda que “só depois do reconhecimento ao perímetro do incêndio feito pelo comandante dos Bombeiros Sapadores de Braga [João Felgueiras, reputado especialista] e pelo chefe da divisão é que o comandante das operações teve a noção desse perímetro”.
E questiona-se “com que suporte é referido que ‘os Serviços Municipais de Proteção Civil necessitam de mais e melhor formação, de acordo com as audições efetuadas’, quando ninguém foi ouvido”, conforme a mesma carta da autarquia, a que O MINHO teve acesso.
“Ocultados Sapadores e Voluntários”
A Câmara Municipal de Braga também contesta outra afirmação do referido relatório, segundo a qual ‘seria com o apoio da população local, em particular dos agricultores, com os seus tratores e alfaias, que seriam protegidas as edificações e que o incêndio acabaria por ser controlado’.
“No relatório é ocultado o facto de a Companhia de Bombeiros Sapadores ter mobilizado todos os meios de combate que dispõe, recorrendo as pessoal de folga, que os Bombeiros Voluntários de Braga tiveram a mesma postura, o Município de Braga mobilizou através da Divisão de Proteção Civil todos os meios próprios e de particulares com capacidade para efetuar defesa de habitações (DAEV, AGERE, DST e outros) e que o combate aos 80 por cento do incêndio foi quase exclusivamente garantido por estes meios, nunca se percebendo onde é que estavam empenhados a respetiva maioria dos meios”.