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Os pais e a irmã do jovem Manuel Gonçalves, de alcunha o Manu, de 19 anos, assassinado à facada a 12 de abril à porta do Bar Académico (BA), em Braga, reafirmaram, hoje, em declarações a O MINHO, que a faca que o matou não era sua nem foi ele que a levou para o local.
Os três familiares, que solicitaram o anonimato, desmentem notícias surgidas na estação televisiva NOW, segundo as quais, “”a investigação acredita que, no dia 12 de abril, pelas 01:00, ‘Manu’ escondeu a faca junto a caixotes do lixo do Bar Académico. E acrescenta: ‘Segundo o MP, o falecido Manuel Gonçalves foi buscar a faca que havia escondido junto aos caixotes do lixo, munindo-se da mesma e empunhando-a com uma das mãos’.”
Ora, – garantem – a posse da faca foi já assumida por um dos jovens que esteve no BA com o Manu, estudante do 12.º ano na Escola Secundária D. Maria II – e que confessou esse facto à Polícia Judiciária de Braga: “assumiu, de livre vontade que era dele e deve notar-se que, ao fazê-lo, está a confessar um crime”, anotam
Assim, a faca que o Mateus Marley Machado, imigrante brasileiro, terá usado era desse amigo, que também estava presente no exterior do BA, onde se registou a rixa entre os dois grupos. E que lhe saltou do bolso, quando caiu ao chão, depois de ter sido atingido com uma garrafa na cabeça e de ter sido esmurrado. O suposto homicida tê-la-á apanhado e esfaqueado o Manu.
PGR investiga queixa
Entretanto e ao que O MINHO soube, a PGR (Procuradoria Geral da República) está a investigar uma queixa-crime feita em ao Ministério Público de Braga pela família a qual contém em anexo fotografias e vídeos, onde, alegadamente, se identifica o homem que ofereceu uma garrafa com droga a uma menor de 17 anos, e o segurança do bar, que não lhe terá prestado o auxílio devido.
E, a mãe da menor, apresentou uma outra queixa no mesmo sentido.
Neste caso, o vídeo “demonstra, supostamente, que o segurança do BA veio à porta no momento em que o Manu estava caído no chão, a perder sangue, depois de esfaqueado, e retirou-se para dentro, nada fazendo para o socorrer.”
Conforme O MINHO noticiou, os progenitores pediram ao Ministério Público a abertura de inquérito criminal para apuramento de responsabilidades contra um indivíduo, de nome Tiago, que deu uma garrafa com uma substância ilícita chamada “Boa Noite Cinderela” a uma jovem de 15 anos, bem como contra o segurança e o dono do estabelecimento e contra a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM).
Ao que soubemos, a queixa identifica por imagem e perfil de rede social o autor da entrega da garrafa, e acusa o segurança do bar, de identidade desconhecida, da prática do crime de omissão de auxílio e de possível negligência grave.
Acusa, ainda, a AAUM, de falhar na supervisão e gestão da segurança do estabelecimento, bem como o empresário que gere o bar e cuja identidade também desconhecem.
Criticam a “conduta negligente” do organismo estudantil, responsável pelo “BA” e pela escolha dos seus colaboradores, por ter permitido a entrada e a permanência de pessoas perigosas, e de não responder aos alertas de risco.
O MINHO contactou um dos gerentes do BA, que não se quis pronunciar, e tentou, sem conseguir, falar com o presidente da AAUM, Luís Guedes.
Pastilha a boiar numa garrafa
Os pais recordam que, na madrugada de 12 de abril, o seu filho encontrava-se no bar, em São Vítor, acompanhado de amigos, entre os quais, uma jovem, menor de idade, quando três outros jovens seus amigos gritaram, avisando que um indivíduo oferecera uma garrafa de água à menor, contendo uma substância ilícita, a boiar, uma pastilha conhecida como “Boa-Noite Cinderela”.
Apercebendo-se do facto, – prosseguem – o Manu alertou a jovem para o perigo de ingerir a bebida, dado que o Tiago teimava para que a bebesse.
Nesse momento, e face à postura do Manu na defesa da amiga, um grupo de cinco indivíduos, onde estava Mateus Marley Machado – que mais tarde viria a dar a facada mortal – e o Tiago, autor da introdução da pastilha na bebida, entrou em confronto físico com “Manu” ainda dentro do BA.
A seguir, e face à gravidade da situação, o Manu pediu ajuda a um segurança, mas este recusou-se, tendo dito que nada podia fazer, em virtude de serem amigos do dono.
Segurança deu-lhe dois estalos
Os progenitores dizem, também, que, na altura, o segurança ainda lhe deu dois estalos, ao expulsá-lo do bar, dizendo-lhe: “Não te armes em herói”.
Já no exterior do bar, às 03:34, o “Manu” telefonou do seu telefone móvel ao namorado da sua irmã, agente da PSP, a aconselhar-se sobre o que deveria fazer, o qual lhe disse para ligar à PSP, o que ele fez.
Horas mais tarde, Manuel Gonçalves “Manu” terá sido esfaqueado por Mateus Marley Machado que foi identificado por testemunhas e se encontra preso preventivamente por decisão do Tribunal de Instrução de Guimarães.
Reitoria e AAUM fecharam o BA
O BA foi encerrado por decisão conjunta da Associação Académica e da Reitoria da Universidade do Minho. Se reabrir, será com a condição de apenas permitir a entrada de alunos, tal como sucedia quando foi concessionado. “Existe agora um clima de receio generalizado, que impacta um conjunto de estudantes e antigos estudantes”, explica a AAUM.