O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, estará entre quinta-feira e sexta-feira na Ucrânia, onde se reunirá com o presidente do país, Volodymyr Zelensky, e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciaram hoje fontes oficiais.
O encontro com Zelensky e Erdogan acontecerá na próxima quinta-feira na cidade ucraniana de Lviv (oeste), e no dia seguinte Guterres visitará Odessa (sul), cujo porto está a ser utilizado para a exportação de cereais ucranianos através do acordo impulsionado pela própria ONU e pela Turquia.
Mais tarde, o chefe das Nações Unidas viajará para Istambul para visitar o Centro de Coordenação Conjunta que fiscaliza o cumprimento desse pacto, explicou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric.
“A convite do Presidente Volodymyr Zelensky, o secretário-geral estará em Lviv na quinta-feira para participar numa reunião trilateral com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o líder ucraniano”, disse Stéphane Dujarric durante um briefing à imprensa, especificando que António Guterres viajará posteriormente para Odessa e Turquia.
Ainda segundo Dujarric, espera-se que parte do encontro trilateral se concentre na revisão do funcionamento da iniciativa que possibilitou o desbloqueio das exportações de cereais pelo Mar Negro.
Além disso, o secretário-geral da ONU planeia realizar um encontro bilateral com o Presidente ucraniano, no qual deverá abordar o estado geral do conflito, a necessidade de uma solução política e outras questões, como a situação na central nuclear de Zaporijia e as tentativas de envio de uma missão de especialistas internacionais para avaliá-la no terreno, disse o porta-voz.
Guterres já esteve na Ucrânia no passado mês de abril, no âmbito de uma viagem em que passou também pela Turquia e Rússia e na qual abordou a evacuação da fábrica sitiada de Azovstal em Mariupol, onde estavam sitiados militares ucranianos, o que acabou por se concretizar poucos dias depois, com o apoio da ONU.
Nessa viagem, também começou a ganhar forma o acordo de exportação de cereais, que levou meses para se concretizar.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 174.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.